Descrição de chapéu China

Foi dada a largada ao congresso que deve dar novo mandato a Xi na China

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Igor Patrick

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A China publicou, no último domingo (25), os nomes de todos os delegados que vão participar do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, reunião que deve conceder a Xi Jinping um terceiro mandato e consolidá-lo como um dos políticos mais poderosos do país desde Deng Xiaoping.

Para compor a lista, o PC chinês convocou congressos regionais em todo o país e 2.296 pessoas foram escolhidas nesses encontros, de acordo com um comunicado oficial. Eles agora vão passar por um procedimento de checagem de antecedentes, antes de serem confirmados por um comitê de revisão de qualificação.

Pessoas em frente a imagens do presidente chinês Xi Jinping no museu do Partido Comunista em Pequim - Noel Celis - 4.set.22/AFP

Embora não traga grandes surpresas, a delegação neste ano será levemente mais diversa se comparada com à do Congresso de 2018. De acordo com o jornal South China Morning Post, do total, 620 são mulheres (um crescimento de três pontos percentuais, chegando a 27% do total), embora o número de representantes das minorias étnicas tenha permanecido o mesmo (260, ou 11%).

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, a seleção de delegados se deu guiada pelos princípios do "pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era", a base filosófica do atual líder chinês incorporada na constituição. Ainda de acordo com a agência, citando fontes do Departamento de Organização Central, Xi "se envolveu pessoalmente" na escolha dos delegados e tem recebido relatórios constantes sobre o progresso na escolha dos representantes regionais.

Por que importa: Os delegados vão viajar a Pequim e, a partir do dia 16, elegem os membros do Comitê Central do Partido, esses sim responsáveis por escolher os 25 membros do Politburo. Deste grupo menor, saem os nomes do Comitê Permanente, coração do poder chinês, conduzido por aquele a ser nomeado líder da China.

Porém, é mais provável que todos eles sirvam apenas para validar decisões que já estão tomadas entre o topo da liderança chinesa sobre quem deve ou não ser promovido. A esta altura, não resta nenhuma dúvida de que Xi será reeleito, enquanto os nomes para o Comitê Permanente provavelmente já estão fechados.

Dica da semana: Se você entende bem o inglês, vale ouvir o podcast "The Prince" (O Príncipe), lançado pela revista britânica The Economist. É o primeiro trabalho biográfico independente já feito sobre a vida de Xi Jinping, dividido em oito excelente episódios. Disponível aqui.

O que também importa

A Secretaria Municipal de Economia e Informação de Pequim informou que vai promover uma política pioneira de apoio ao que chamou de "humanos digitais", ou seja, o uso de avatares no metaverso.

A previsão é que o mercado renda ¥ 50 bi (R$ 37,9 bi) no país até 2025. A cidade pretende investir na criação de um padrão de logística e governança que fundamente o surgimento de modelos de negócios na chamada internet 3.0.

Pequim espera que a política revolucione iniciativas como o uso de agentes bancários remotos, transmissões inovadoras de shows ao vivo, entrevistas de emprego e técnicas de persuasão no ecommerce.

O plano estabeleceu como meta de curto prazo a construção de dez empresas, laboratórios e centros de inovação tecnológica empresarial e pelo menos cinco plataformas de tecnologia comuns. A expectativa é que, até 2025, a China já tenha uma ou duas companhias especializadas no tema com receita superior a ¥5 bi (cerca de R$ 3,7 bi).

O governo chinês lançou nesta semana uma pesquisa nacional para entender o que está causando o declínio nas taxas de natalidade e casamentos. Realizado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (equivalente chinês ao nosso IBGE), o levantamento já vinha sendo realizado em modo de testes na província de Hunan desde o início do mês e agora será expandido.

Pelo menos 20 mil chineses com idades entre 20 e 44 anos serão ouvidos. O questionário trará perguntas sobre receios relativos ao partido, principais problemas nas políticas de planejamento familiar, dificuldades na criação dos filhos etc. A ideia é que o estudo fundamente políticas mais bem embasadas que façam aumentar os nascimentos na China.

O governo tenta reverter (ou pelo menos desacelerar) a tendência na diminuição da população, um problema que poderia causar forte impacto na economia. De acordo com o censo de 2020, a taxa de fertilidade na China está em 1,3 filho por mulher –abaixo dos 2,1 necessários para manter a população estável. Desde então, benefícios anunciados pelo governo como redução de impostos e facilitação de acesso a serviços públicos para jovens pais não surtiram efeito para mudar o panorama.

Fique de olho

Taiwan anunciou que vai remover a exigência de quarentena obrigatória para quem visitar a ilha e voltará a receber quem viaja a turismo.

A partir do próximo dia 13 de outubro, quem chegar a Taipé apenas precisará se automonitorar quanto aos sintomas da Covid-19 por sete dias, sem necessidade de ficar em um hotel fechado. Os viajantes que desejam sair durante o período de automonitoramento devem fazer um teste rápido de antígeno.

Anteriormente, a única flexibilização local tinha sido em junho, quando o governo determinou a redução no número de dias de isolamento (de sete para três).

Por que importa: Com o anúncio, a China continental se torna um dos dois únicos países asiáticos a manter controle de fronteiras para prevenir a transmissão da Covid (junto com a Coreia do Norte). Embora também tenha reduzido o número de dias da quarentena obrigatória –de 14 para sete–, o governo chinês parece irredutível quanto à reabertura total, e o turismo está banido desde 2020.

A resistência pode custar não apenas ao crescimento econômico da China, mas também ao poder simbólico. Virtualmente isolado da região, o país vem sendo suplantado na atração de mão de obra qualificada por outros hubs asiáticos, como Tóquio, Singapura e Seul.

Para ir a fundo

  • O Instituto Confúcio e a Unesp lançam no próximo dia 4 a 7ª mostra de cinema chinês. O evento será presencial e acontece no Centro Cultural São Paulo, com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão. A programação completa está disponível aqui. (gratuito, em português)
  • A Observa China realizou ontem (29) um webinar para discutir a política interna chinesa às vésperas do Congresso que deve dar a Xi um novo mandato. A gravação do bate-papo está disponível aqui. (gratuito, em português)
  • A Universidade de Harvard abriu inscrições para uma palestra sobre o significado da "ascensão chinesa" na China e nos EUA, discutindo também as consequências de como este conceito é interpretado nas relações sino-americanas. (gratuito, em inglês)
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