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Rússia elogia e Ucrânia critica proposta de Elon Musk para fim da guerra

Bilionário sugere novos referendos sob a ONU, Crimeia russa e neutralidade ucraniana

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São Paulo

Em um dia em que Moscou e Kiev afastaram ainda mais a possibilidade de alguma negociação de paz para encerrar a guerra decorrente da invasão da Ucrânia por Vladimir Putin em fevereiro, coube a um bilionário dado a excentricidades roubar o holofote.

Elon Musk, o americano de origem sul-africana que revolucionou o mercado de veículos elétricos com seus Tesla e é um pioneiro da exploração espacial privada, publicou no Twitter na segunda-feira (3) uma proposta para acabar com o conflito.

Uma antena do sistema de banda larga por satélite Starlink em Izium, na região de Kharkiv
Uma antena do sistema de banda larga por satélite Starlink em Izium, na região de Kharkiv - Yasuyoshi Chiba - 25.set.2022/AFP

Segundo ele, a Crimeia anexada em 2014 deve ser russa por constituir área histórica de Moscou, mas um novo referendo lá e nas regiões que Putin declarou anexadas na sexta-feira (30) seria feito sob supervisão da ONU para definir o destino delas. Além disso, a Ucrânia se declararia neutra, uma demanda russa desde o começo do conflito, visando evitar a Otan e a União Europeia em sua maior fronteira ocidental.

"A Rússia está fazendo uma mobilização parcial. Eles vão para mobilização total de guerra se a Crimeia estiver sob risco. As mortes dos dois lados serão devastadoras. A Rússia tem três vezes mais população que a Ucrânia, então a vitória da Ucrânia é improvável em caso de guerra total. Se você se preocupa com a população da Ucrânia, busque a paz", escreveu.

Sem surpresa, Kiev desancou a ideia. O presidente Volodimir Zelenski foi ao mesmo Twitter promover uma enquete para questionar qual é o Musk preferido, o que ajuda a Ucrânia com críticas a Moscou ou o que "apoia a Rússia".

Musk tem papel ativo na guerra —e não pequeno. Logo no começo do conflito, com dificuldades de comunicação em solo das Forças Armadas ucranianas, ele deslocou satélites de órbita baixa de sua rede Starlink e os colocou à disposição de Kiev, melhorando a conectividade de banda larga no país —essencial para que drones deem posição correta à artilharia, para começar.

Ele até disse temer ser morto pelo Kremlin por isso.

Igualmente de forma previsível, a proposta de Musk foi elogiada pelo Kremlin. "É muito positivo que alguém como Elon Musk esteja buscando uma solução pacífica para a situação. Comparado a muitos diplomatas profissionais, Musk ainda está buscando meios para chegar à paz. E chegar a ela sem preencher as condições da Rússia é absolutamente impossível", disse o porta-voz Dmitri Peskov.

Enquanto Musk levou o tema para o campo da "treta de Twitter", na vida real russos e ucranianos selaram a impossibilidade do diálogo. Zelenski assinou nesta terça (4) um decreto proibindo Kiev de negociar a paz com a Rússia enquanto Putin for presidente, no que foi ridicularizado por Peskov.

Já o presidente russo, segundo seu porta-voz, irá sancionar as leis que oficializam a anexação do Donbass (Lugansk e Donetsk, no leste) e das áreas sulistas de Zaporíjia e Kherson. Ele decretou a medida na sexta, mas nesta segunda e terça as duas Casas do Parlamento a ratificaram, uma mera formalidade burocrática num Estado dado a legalismos mesmo de ações universalmente condenadas como ilegais.

Os decretos e as leis não estabelecem as fronteiras exatas pretendidas pela Rússia, uma pegadinha que deixa no ar qual a linha vermelha estabelecida por Putin para ir em frente com sua ameaça de empregar armas nucleares para defender o que considera seu território.

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