Atirador que matou 10 pessoas nos EUA é condenado a prisão perpétua

Audiência de sentença foi interrompida após um dos presentes tentar atacar Payton Gendron

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Buffalo (EUA) | Reuters

O atirador que matou dez pessoas em um supermercado em Buffalo, no estado de Nova York, foi condenado a prisão perpétua nesta quarta-feira (15). O episódio, ocorrido em maio do ano passado, foi um dos mais letais da série de ataques a tiros em massa ocorridos nos Estados Unidos nos últimos anos.

Payton Gendron, 19, um supremacista branco confesso, havia se declarado culpado por 15 crimes estaduais relacionados à ação —ele foi o primeiro réu em Nova York a ser acusado de cometer um ato de terrorismo doméstico motivado por ódio em primeiro grau, uma lei estadual em vigor desde 2020.

Payton Gendron durante uma das audiências de seu caso em Buffalo, nos EUA
Payton Gendron durante uma das audiências de seu caso em Buffalo, nos EUA - Scott Olson - 19.mar.22AFP

A sessão que resultou em sua condenação foi marcada por uma interrupção, após um dos presentes tentar atacar o atirador no momento em que a irmã de uma das vítimas, Barbara Massey, discursava.

Gendron estava junto a seus advogados quando um homem negro ainda não identificado tentou partir para cima dele. O criminoso então foi retirado da sala na qual a audiência ocorria, e o homem, contido por policiais, foi escoltado para fora do prédio. A audiência foi retomada pouco depois.

O ataque promovido por Gerdon aconteceu em um bairro no qual a maioria da população é negra. Das 13 pessoas atingidas, 11 eram negras, e duas, brancas. Nos tribunais, o atirador tinha chegado a se declarar inocente do crime de homicídio qualificado pelo qual foi acusado. Reportagem do jornal The Washington Post, entretanto, mostrou que ele detalhou seu plano de ação na internet cinco meses antes do massacre.

Dias antes do crime, ele publicou um manifesto racista online de 180 páginas.

O criminoso decidiu realizar o ataque em dezembro de 2021. À época, escreveu no aplicativo Discord, em que usuários criam grupos de bate-papo restritos a convidados, que mataria aqueles que chamava de "substitutos" —era uma referência à chamada "teoria da substituição", pensamento racista segundo o qual os americanos caucasianos estão sob o risco de serem trocados por pessoas não brancas.

Durante a ação no supermercado, Gendron usou um colete à prova de balas e estava armado com um fuzil. Ele tinha, ainda, uma câmera fixada em seu capacete, pela qual transmitiu a ação ao vivo na internet.

Ao chegar ao estacionamento, ele saiu de seu carro e atirou em quatro pessoas, matando três delas. Em seguida, entrou na loja —uma filial da rede Tops Friendly Markets— e continuou a disparar. Trocou tiros com um segurança, a quem matou, e depois atingiu vários clientes. Gendron acabou detido por policiais depois de colocar a arma no próprio pescoço e ameaçar se matar.

O estado de Nova York não prevê pena de morte. No entanto, o atirador, que tinha 18 anos à época do ataque, ainda pode receber uma sentença de pena capital se for condenado por infrações federais relacionadas a crimes de ódio e posse de armas de fogo —ele se diz inocente das acusações.

Relatório divulgado em 2022 pelo FBI, a polícia federal americana, mostrou que o número de incidentes gerados por atiradores dobrou nos EUA nos últimos três anos, saltando de 30 em 2018 para 61 em 2021.

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