Coruja exótica escapa de zoológico e vira celebridade no Central Park

Notícia do desaparecimento da Bufo-real Flaco se espalhou entre observadores de pássaros de Nova York

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Leonardo Stamillo
Nova York

"O que as pessoas estão vendo? Ah, é uma coruja!'’ "É muito grande para ser uma coruja. Deve ser uma águia!" "Eu não estou vendo nada!" "Bem no alto da árvore. Mais para cima! Viu?"

O diálogo ocorreu entre curiosos que se aproximavam de um grupo de fotógrafos —profissionais e amadores— tentando um registro da mais nova celebridade do Central Park: Flaco, a coruja Bufo-real que escapou do zoológico do parque na semana passada. Na tarde de quinta (2), funcionários perceberam que a coruja tinha desaparecido. A trama de metal que a mantinha em seu espaço no zoo havia sido cortada.

Flaco, a coruja que escapou do zoológico do Central Park, em Nova York
Flaco, a coruja que escapou do zoológico do Central Park, em Nova York - Manhattan Bird Alert via The New York Times

Poucas horas depois, a polícia de Nova York, que investiga o incidente no zoológico como vandalismo, recebeu um chamado: Flaco estava na Quinta Avenida, uma das vias mais famosas da cidade.

"Quando cheguei, a polícia tinha isolado a esquina com a rua 60ª. A coruja estava na calçada, assustada", disse o programador Edmund Berry. "Depois de um tempo, os policiais disseram que tentariam pegá-la, mas a coruja acabou voando no sentido do Central Park." Berry faz parte da comunidade de observadores de pássaros de Nova York. Ele foi um dos primeiros a compartilhar uma foto do animal nas redes.

A Bufo-real é uma das maiores corujas do mundo, podendo chegar a quase dois metros de envergadura e pesar até 5,5 kg. É mais comumente encontrada na Europa, na Ásia e no norte da África. A notícia de que a coruja estava desaparecida se espalhou rapidamente entre os observadores de pássaros, que, desde então, estão mobilizados para fazer registros de Flaco enquanto a coruja explora Nova York.

Depois de escapar da polícia na Quinta Avenida, o bicho foi visto na Fonte Pulitzer, perto do tradicional hotel The Plaza, onde provavelmente passou sua primeira noite fora do zoológico. Na manhã seguinte, a coruja voltou para dentro do Central Park e ficou quase o dia todo em uma árvore no Santuário Hallet, entre os enormes arranha-céus da rua 59ª e o ringue de patinação no gelo montado no inverno.

O frio de -15ºC não foi suficiente para desanimar os observadores. "Estava tão frio que o produto que uso para limpar as lentes da câmera congelou!", disse o fotógrafo amador Suresh Easwar, que regressou no mês passado de uma viagem para a Índia, onde tentou, sem sucesso, fotografar uma coruja semelhante à Bufo-real: "Foi muito irônico voltar à Nova York e poder fazer a foto literalmente no quintal da minha casa".

Apesar do interesse em fazer fotos ou apenas observar Flaco livre, as pessoas que têm acompanhado a coruja estão preocupadas com a segurança dela. "Tenho percebido uma mudança de comportamento: Flaco estava bem assustado nos primeiros dias, agora parece mais confiante, vi ele tentando caçar um rato, mas sem sucesso", conta o fotógrafo David Lei. "Espero que ele acabe cansando e seja recapturado."

Pode parecer contraditório, mas voltar ao seu espaço restrito no zoológico pode ser mesmo a melhor opção. Segundo um porta-voz da Wild Bird Fund, ONG que cuida da reabilitação de aves em Nova York, animais criados sob os cuidados de humanos em zoológicos acabam perdendo instintos de sobrevivência e precisam de ajuda para comer e evitar acidentes com outros animais ou no ambiente da cidade.

O ambiente urbano pode ser desafiador até mesmo para as corujas selvagens. Há quase dois anos, uma coruja-barrada morreu dentro do Central Park, após ser atingida por um carro da equipe de manutenção do próprio parque. Barry, como acabou ficando conhecida, foi adotada como mascote da cidade.

"Barry era sensacional. Além de linda, tinha muita personalidade. Foi um privilégio observá-la por tanto tempo no Ramble", lembra o fotógrafo Lei, citando uma área do parque com vegetação mais fechada, bastante frequentada por observadores. Uma autópsia constatou que Barry estava intoxicada por veneno contra ratos, uma das principais presas de corujas. Como se sabe, não faltam ratos em Nova York.

Para evitar que Flaco também acabe intoxicado, funcionários do zoológico têm deixado comida por onde ele passa. As tentativas de resgate acontecem durante a noite, quando as corujas são mais ativas, mas ainda não tiveram sucesso. Nessa semana, Flaco apareceu numa árvore perto do zoo; passou dois dias na região e depois voltou ao Santuário Hallet. A Bufo-real não parece pronta para voltar ao confinamento.

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