Descrição de chapéu Rússia

Reino Unido vai ajudar França a financiar centro de detenção para migrantes

Primeira cúpula entre os dois países desde 2018 se concentrou na migração pelo Canal da Mancha

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Paris | Reuters e AFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o premiê britânico, Rishi Sunak, selaram um acordo para tentar diminuir a migração irregular na região. O tema virou prioridade para o líder do Reino Unido, que concordou em pagar 480 milhões de libras (R$ 3 bilhões) ao país vizinho para financiar, entre outros projetos, um centro de detenção no norte da França.

Segundo uma autoridade britânica em entrevista à agência Reuters, Londres vai desembolsar 30 milhões de euros (R$ 166,1 milhões) ao longo de três anos para o centro de detenção, e os migrantes serão enviados ao seu país de origem ou ao último país pelo qual transitaram no caso de não poderem voltar a sua nação por questões de segurança.

Sunak e Macron apertam as mãos no final de uma entrevista coletiva após a cúpula franco-britânica, no Palácio do Eliseu, em Paris - Kin Cheung - 10.mar.2023/AFP

Segundo o acordo, fechado na última sexta (10), será criado ainda um centro de comando conjunto entre os dois países, e 500 novos agentes patrulharão as praias do norte francês. Em 2022, o Reino Unido direcionou 70 milhões de euros (R$ 387,6 milhões) à França para combater a migração ilegal.

No cargo desde outubro, Sunak colocou as pequenas embarcações na mira após o número de migrantes que atravessam o Canal da Mancha e chegam pela costa sul da Inglaterra disparar para 45 mil no ano passado. O aumento de 500% em relação aos últimos dois anos foi motivo de tensão com a França, especialmente durante o mandato de Boris Johnson em Londres.

"É um momento de reencontros, de reconexão e de um novo começo", disse Macron em entrevista coletiva ao lado de Sunak no Palácio do Eliseu, em Paris. Do brexit à pandemia, múltiplas crises atravancaram as cúpulas anuais entre os dois aliados históricos.

A reunião dos líderes foi a primeira cúpula entre os dois países e antecede uma visita de Estado do rei Charles 3º à França, no final de março.

"Emmanuel e eu compartilhamos a mesma crença: gangues criminosas não devem decidir quem vem para nossos países", disse Sunak, que foi alvo de grupos de direitos humanos por seu plano de dificultar o acesso ao asilo.

Na terça-feira da semana passada (7), o governo britânico havia apresentado um projeto de lei que endurece regras contra migrantes em situação irregular, com foco nos que chegam pelo mar no país. De acordo com o texto, aqueles que tentarem migrar por rotas ilegais poderão ser detidos por 28 dias e estarão inaptos para pedir asilo —ainda que venham de uma nação em guerra ou sejam alvo de perseguição política. Se por questões de segurança os migrantes não puderem voltar a seus países de origem, a regulamentação proposta define que eles sejam enviados a uma terceira nação segura.

Embora o número de pedidos de asilo no Reino Unido tenha atingido um recorde de quase 75 mil em 20 anos, o número ainda está abaixo da média da União Europeia.

Além da migração, a invasão da Ucrânia pela Rússia é mais um desafio comum para as duas potências militares europeias. Os países disseram que vão treinar fuzileiros navais ucranianos em conjunto e concordaram plenamente em ajudar a Ucrânia a repelir a invasão russa. "Queremos que a Ucrânia vença esta guerra. Estamos absolutamente unidos nisso", disse o primeiro-ministro britânico.

Os países assinaram também duas parcerias no setor de energia, impactado pela Guerra da Ucrânia, e o grupo britânico Octopus Energy disse após a cúpula que investiria 1 bilhão de euros (R$ 5,5 bilhões) no mercado francês de energia verde nos próximos dois anos.

"A França e o Reino Unido estão trabalhando juntos para que nunca mais pessoas como o [presidente russo Vladimir] Putin possam ameaçar nossa segurança energética", disse Sunak.

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