Descrição de chapéu Eleições EUA

Biden faz piadas com Trump e com a própria idade em jantar com jornalistas

Presidente foi alvo de protestos contra guerra em Gaza em tradicional evento anual com correspondentes da Casa Branca

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Washington | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez críticas e provocações ao ex-presidente Donald Trump no tradicional jantar anual da Associação de Correspondentes da Casa Branca, na noite de sábado (27), enquanto manifestantes do lado de fora do Washington Hilton Hotel criticavam seu apoio à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Biden usou o discurso no evento, costumeiramente feito em tom de humor por presidentes, para provocar o rival, chamá-lo de imaturo e brincar com sua própria idade avançada —motivo de preocupação para parte do eleitorado e uma das frentes de ataque de Trump durante a campanha.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante o jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca, em Washington
O presidente dos EUA, Joe Biden, durante o jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca, em Washington - Brendan Smialowski - 27.abr.24/AFP

"Sim, a idade é um problema [na campanha]. Eu sou um adulto concorrendo contra um garoto de 6 anos", afirmou Biden, 81, em provocação a Trump, 77. "A idade é a única coisa que temos em comum. [Ao contrário dele] minha vice-presidente realmente me apoia", disse o democrata, referência possível tanto ao ex-vice de Trump, Mike Pence, que concorreu nas primárias republicanas e não endossa a candidatura do correligionário, quanto ao fato de que Trump ainda não escolheu um vice para o pleito de novembro.

Trump reagiu ao evento chamando-o de "muito ruim" em uma publicação em sua rede social, Truth Social. "Joe Biden foi um desastre absoluto! Não fica pior do que isso!" disse ele, como de costume, referindo-se ao democrata como "Crooked Joe" [Joe corrupto].

Em seu discurso, Biden negou que estivesse pedindo aos jornalistas que tomassem partido. "Estou pedindo para vocês se elevarem à seriedade do momento. Superem os números da corrida eleitoral, pegadinhas e distrações, os espetáculos que dominaram e tornaram nossa política sensacionalista, e foquem o que realmente está em jogo."

O democrata também fez piada com o processo criminal pelo qual Trump é julgado atualmente no estado de Nova York, o primeiro dos quatro de que é alvo.

Em trocadilho com o nome da atriz pornô Stormy Daniels, que teria sido paga pelo republicano em acordo para que ela não divulgasse suposto caso que tiveram antes da eleição de 2016, Biden afirmou que o rival teve "dias difíceis ultimamente, o que poderia ser chamado de clima tempestuoso" [stormy weather, em inglês].

Do lado de fora do local do evento, o clima não era de piada. Manifestantes segurando faixas protestavam lembrando das mortes de jornalistas em Gaza. Centenas de pessoas tentavam encorajar jornalistas a boicotar o evento anual e gritavam palavras como "vergonha" quando funcionários do governo chegavam.

Biden chegou pela porta dos fundos do hotel e evitou o grupo maior de manifestantes, mas foi recebido por um grupo menor pedindo um cessar-fogo no conflito no Oriente Médio.

No evento centenário, centenas de jornalistas, políticos e celebridades se reuniram em um grande salão de banquete —em seu período na Casa Branca, Trump não compareceu aos jantares da associação. Neste ano, o evento foi apresentado por Colin Jost, integrante do programa de humor "Saturday Night Live".

O grupo de protesto Codepink marchou até o local a partir de um parque próximo. "A mídia dos EUA perpetua narrativas antipalestinas e ignora os crimes de guerra de Israel", diz o grupo em seu site.

Um movimento crescente contra a guerra em Gaza tem incomodado Biden este ano, incluindo em um evento beneficente de março no Radio City Music Hall de Nova York que foi interrompido por manifestantes.

Recentemente, os protestos contra a guerra e a favor dos palestinos se expandiram para campi universitários nos EUA, sinalizando revolta crescente dentro de parte da base democrata cujos votos Biden precisa assegurar para derrotar Trump em novembro.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca foi fundada em 1914 e realizou um jantar quase todos os anos desde 1921 para celebrar os repórteres que cobrem a Presidência e arrecadar dinheiro para bolsas de estudo.

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