Funeral da rainha Elizabeth 2ª custou quase R$ 1 bi a cofres do Reino Unido

Críticos dizem que extravagância de eventos que sucederam morte de soberana era desnecessária diante de crise econômica

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Londres | Reuters

O governo do Reino Unido gastou cerca de 161,7 milhões de libras, ou R$ 996,9 milhões, nos eventos relacionados à morte da rainha Elizabeth 2ª, informou o Ministério do Tesouro britânico nesta quinta (18).

Após a morte da soberana, em 8 de setembro passado, o país mergulhou em dez dias de luto. Eventos oficiais nesse período incluíram um cortejo de seu caixão por toda a Grã-Bretanha, assim como visitas do então recém-proclamado rei Charles 3º e de Liz Truss, primeira-ministra à época, aos Parlamentos locais.

Procissão acompanha caixão da rainha Elizabeth 2ª após funeral de Estado da soberana na abadia de Westminster, em Londres - Zac Goodwin - 19.set.22/AFP

Segundo documento enviado ao Parlamento pelo secretário-chefe do Tesouro, John Glen, quase metade dos custos, ou 73,7 milhões de libras (R$ 453,8 milhões), foi gasto pelo Ministério do Interior, pasta responsável pela segurança nacional e por controlar a polícia.

Só o funeral de Estado em si foi o maior evento da história da polícia de Londres —a cerimônia na Abadia de Westminster contou com cerca de 2.000 convidados, cem dos quais chefes de Estado.

Em seguida, vem o Ministério da Cultura, Mídia e Esporte, que gastou 57,4 milhões de libras (R$ 353,4 milhões) nos eventos, e a administração escocesa, que recebeu do governo britânico 18,8 milhões de libras (R$ 115,8 milhões) —Downing Street reembolsou integralmente a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte por seus investimentos nas cerimônias.

O governo defendeu a dimensão dos gastos, afirmando que as celebrações precisavam refletir a importância nacional da morte da rainha, cujo reinado foi o mais longo da história do Reino Unido, e que o dinheiro foi usado para garantir que a população participasse das festividades com segurança.

"A prioridade era que esses eventos ocorressem sem problemas e de forma digna", afirmou Glen em nota, ressaltando que centenas de milhares de pessoas do país foram se despedir pessoalmente de Elizabeth.

Opositores criticaram, porém, a extravagância dos eventos, sobretudo em um momento de crise econômica —reflexo tanto da instabilidade política do governo, que teve uma sequência de três primeiros-ministros em menos de quatro meses, quanto das consequências da crise energética, da Guerra da Ucrânia e do brexit. A inflação atingiu 11,1% em outubro passado, maior taxa em 41 anos.

"Há uma suposição de que essas coisas precisam ser feitas nessa escala, e ela precisa ser questionada, em especial no meio de uma crise de custo de vida", afirmou Graham Smith, chefe da Republic, um dos principais grupos antimonarquia do Reino Unido, ao jornal britânico The Guardian.

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