Itamaraty concede autorização, e Brasil terá novo embaixador da Ucrânia

Andrii Melnik assumirá posto de Kiev em Brasília; anúncio acontece um dia após encontro do diplomata com Celso Amorim

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Brasília

O Brasil anunciou nesta quinta (11) a concessão do agrément —documento que indica concordância do governo anfitrião com a nomeação para uma representação diplomática— ao novo embaixador da Ucrânia em Brasília, Andrii Melnik. O posto era chefiado pelo encarregado de negócios Anatoli Tkach.

A autorização foi divulgada um dia após a visita à Ucrânia de Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais. Melnik foi um dos diplomatas com quem Amorim se encontrou em Kiev, e o brasileiro também esteve com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.

O assessor especial para política externa de Lula, Celso Amorim, durante encontro com o vice-chanceler da Ucrânia e futuro embaixador no Brasil, Andrii Melnik, em Kiev
O assessor especial para política externa de Lula, Celso Amorim, durante encontro com o vice-chanceler da Ucrânia e futuro embaixador no Brasil, Andrii Melnik, em Kiev - Divulgação/Presidência da República - 11.mai.23

Melnik é atualmente um dos vice-chanceleres da Ucrânia e o responsável por Américas na diplomacia de Kiev. Anteriormente, já foi embaixador de seu país na Alemanha.

Depois de se encontrar com Amorim, o ucraniano afirmou em suas redes sociais que o Brasil pode desempenhar um papel importante para mediar a paz no Leste Europeu. "Feliz em encontrar o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o embaixador Celso Amorim. O Brasil pode desempenhar um papel importante para parar a agressão russa e para atingir uma paz duradoura e justa. Também vamos lutar para revigorar a parceria estratégia de 2009. Obrigado", escreveu o diplomata ucraniano.

Amorim foi à Ucrânia após uma série de críticas a Lula por suas falas consideradas favoráveis à Rússia. O presidente sugeriu, por exemplo, que EUA e UE prolongam a guerra —em referência ao apoio militar a Kiev— além de ter afirmado que Zelenski era tão responsável pelo conflito quanto Vladimir Putin.

Em audiência pública no Senado nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu que o Brasil mantenha o princípio de neutralidade em sua abordagem da Guerra da Ucrânia e que o país assuma papel de facilitador para a negociação de paz do conflito.

Vieira reforçou, porém, a posição de praxe da diplomacia brasileira, com acenos tanto a Moscou quanto a Kiev. "Buscamos manter uma posição equilibrada, mas sobretudo construtiva. No Conselho de Segurança da ONU, assim como na Assembleia Geral da ONU, condenamos a violação da integridade territorial ucraniana. Ao mesmo tempo, nos posicionamos contra as tentativas de isolamento da Rússia nos foros internacionais, as quais diminuem o espaço de diálogo e reduzem as chances de uma solução", afirmou.

"Não estamos interessados em tomar lados, mas em preservar canais de diálogo com todos, a única forma de contribuir à construção de espaços de negociação que conduzam à paz efetiva e sustentável."

Também nesta quinta, em entrevista à Folha, Amorim disse que o Brasil pode mediar um acordo de paz no Leste Europeu em meio ao cansaço de outros países. O ex-chanceler disse ainda que propôs a Zelenski um modelo diplomático chamado de "negociação por proximidade", em que países em conflito se reúnem em uma cidade e se comunicam por meio de intermediários não alinhados a nenhum deles, trocando informações sobre posicionamentos e se preparando para contato direto.

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