Extrema esquerda vai às ruas e entra em confronto com a polícia na Alemanha

Ao menos 300 foram presos; atos ocorrem em resposta à condenação de militantes por ataques contra neonazistas

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São Paulo

Manifestantes e policiais ficaram feridos durante protestos organizados pela extrema esquerda na Alemanha neste sábado (3). Os atos começaram na véspera em reação às penas de prisão aplicadas a quatro ativistas de ultraesquerda condenados por agredirem supostos neonazistas.

Em Leipzig, no leste da Alemanha, houve confronto entre participantes e agentes de segurança, além de bloqueios de estradas e incêndios pontuais, de acordo com a Deustche Welle.

O porta-voz da polícia de Leipzig, Olaf Hoppe, disse que cerca de 1.500 pessoas estiveram no ato, das quais "um terço estava inclinado para a violência ou buscava ativamente a violência". "Observamos vários casos de pessoas que obscureceram intencionalmente seus rostos, o que é uma ofensa por si só."

Fogos de artifício disparados durante manifestação da ultraesquerda em Leipzig, na Alemanha - Jens Schlueter - 3.jun.23/AFP

Depois de episódios violentos já na sexta-feira (2), os atos agendados para este sábado foram proibidos pelas autoridades. A polícia disse que tentou negociar com os participantes por mais de uma hora para que os protestos transcorressem de forma pacífica, "em nome da liberdade de expressão". Os manifestantes teriam, no entanto, atacado os agentes de segurança.

Hoppe disse que, como os policiais estavam sendo alvejados com "pedras, foto e outros objetos" à medida que os confrontos se intensificavam, "fomos forçados a trazer canhões de água para o local, mas não precisamos empregá-los".

Mesmo após a dispersão dos atos, o clima em Leipzig ficou tenso, segundo as autoridades. Cerca de 300 pessoas, incluindo menores de idade, foram detidas provisoriamente sob acusações de violações da ordem pública e ataques aos policiais.

Os distúrbios ocorrem depois que um tribunal em Dresden, na Saxônia, sentenciou na quarta-feira (31) uma estudante de Leipzig e três outros militantes de extrema esquerda a vários anos de prisão.

A mulher e os outros três foram considerados culpados de ataques violentos contra neonazistas e supostos militantes de extrema direita entre 2018 e 2020. A estudante, identificada apenas como Lina E., foi condenada a cinco anos e três meses de prisão. Três outros membros do grupo —identificados como Lennart A., 28; Jannis R., 37; e Philipp M., 28– receberam sentenças que variam de dois anos e cinco meses a três anos e três meses de prisão.

Policias durante protestos de manifestantes de ultraesquerda em Leipzig, na Alemanha - Christian Mang - 3.jun.23/Reuters

O caso foi amplamente acompanhado na Alemanha, cujas autoridades são acusadas de ignorar ou retardar processos de pessoas ligadas a ataques de direita. A crítica é feita especialmente no leste do país, onde o domínio de grupos de extrema direita há muito ofuscou a pequena cena de extrema esquerda —que também parece inclinada à violência.

Desde 2020, quando a estudante de Leipzig foi mantida sob custódia, o slogan "Libertem Lina" tem aparecido regularmente em protestos de esquerda.

Grandes protestos na Alemanha demandam autorização das autoridades. Os governos locais e tribunais podem restringi-los se considerarem que o evento pode representar um risco para a segurança pública, entre outros motivos.

Com DW e AFP

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