Lula fala sobre Ucrânia e acordo UE-Mercosul com centro-esquerda na Itália

Petista encontra lideranças do Partido Democrático e presidente Sergio Mattarella em Roma durante visita oficial

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Roma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã desta quarta-feira (21) de encontros com lideranças políticas da centro-esquerda italiana. No hotel em que está hospedado, foram recebidos o ex-premiê italiano Massimo D'Alema (1998-2000) e a secretária-geral do Partido Democrático (PD), Elly Schlein, principal nome de oposição ao governo de Giorgia Meloni, de ultradireita.

Com D'Alema, a conversa, de forma privada, teria girado em torno de temas como democracia e busca pela paz. Em seguida, recebeu, por cerca de uma hora, uma delegação do PD, com Schlein e Fabio Porta, deputado italiano eleito pela comunidade que vive no Brasil.

Depois de encerrado, Porta disse à Folha que esse foi o primeiro encontro entre Lula e Schlein, no qual foram abordados assuntos de política externa e das relações entre Itália e Brasil.

"Sobre a Guerra da Ucrânia, compartilhamos da posição de Lula, seja na condenação à agressão da Rússia, seja no esforço de paz que deve ser intensificado em todos os níveis, incluindo o Vaticano."

"Falamos sobre o reforço do multipolarismo, como disse o presidente, de um mundo em que existam mais sujeitos. Algo que, do nosso ponto de vista, pode reforçar a União Europeia e o diálogo com o Mercosul."

O deputado foi um dos políticos italianos que criticou, em janeiro, a decisão de Meloni de não enviar representante oficial para a posse de Lula. Nos anos em que esteve na oposição, ela fez diversas críticas públicas a Lula, especialmente sobre a decisão de conceder refúgio político ao terrorista Cesare Battisti.

Os dois se encontraram nesta tarde, no Palácio Chigi, sede do governo italiano. "Vejo positivamente o encontro entre Lula e Meloni, parece-me um reconhecimento da parte do governo italiano da importância do Brasil, seja pela presença da comunidade italiana, a maior do mundo, seja por interesses estratégicos do nosso país", avalia Porta. "Não ter enviado um representante do governo para a posse foi um erro e quero esperar que o encontro de hoje com Meloni seja uma espécie de reparação de um caso que, espero, tenha sido um caso isolado."

As reuniões desta manhã aconteceram no hotel onde Lula está hospedado, a cerca de dez minutos do Vaticano. Parte da rede Meliá, o Villa Agrippina tem diárias entre US$ 1.238,92 (cerca de R$ 5.900) e US$ 5.386,85 (R$ 25,6 mil) para uma pessoa, segundo cotação feita pelo site para hospedagem nesta semana.

Em 2021, quando participou de reunião do G20 em Roma, Jair Bolsonaro ficou hospedado no Palácio Pamphilj, sede da embaixada do Brasil, na piazza Navona. Em 2014, Dilma Rousseff também ficou instalada no palácio, depois de sua comitiva ter ocupado 51 quartos de hotel ao custo de quase € 126 mil em outra viagem, em 2013.

Por volta das 12h no horário local, Lula foi recebido, com honras de chefe de Estado, no Palácio do Quirinal pelo presidente da República, Sergio Mattarella. Os dois se reuniram acompanhados pela delegação brasileira, da qual fazem parte o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) e o assessor especial para política externa, Celso Amorim. Em seguida, foi oferecido um almoço, da qual a esposa de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, e a filha de Mattarella, que é viúvo, também participaram.

Na tarde desta quarta-feira, Lula foi recebido em audiência pelo papa Francisco, na qual tratou de temas como Guerra da Ucrânia, meio ambiente e respeito aos indígenas. Em seguida, por Meloni e pelo prefeito de Roma, Roberto Gualtieri. Nesta quinta, após conceder entrevista coletiva a jornalistas, Lula parte para Paris, onde se encontrará com o francês Emmanuel Macron.

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