Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Papa Francisco envia representante à Rússia para tentar negociar fim da guerra

Após viagem à Ucrânia, cardeal Matteo Zuppi deve desembarcar em Moscou nesta quarta-feira (28)

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São Paulo

O papa Francisco enviará à Rússia o cardeal Matteo Zuppi, 67, numa tentativa de abrir caminhos para o fim da Guerra da Ucrânia, em curso há 16 meses. A viagem está marcada para esta quarta-feira (28).

"O principal objetivo da iniciativa é estimular gestos de humanidade que ajudem a promover uma solução para a trágica situação atual e encontrar os meios para alcançar uma paz justa", disse o Vaticano em comunicado divulgado nesta terça (27). Zuppi deve ficar dois dias na capital russa, Moscou.

O cardeal Matteo Zuppi (à dir.) cumprimenta o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em Kiev
O cardeal Matteo Zuppi (à dir.) cumprimenta o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em Kiev - 6.jun.23/Presidência da Ucrânia via Reuters

O Vaticano não divulgou detalhes da agenda nem com quem Zuppi deve se encontrar. Se o cardeal se reunir com Vladimir Putin, o italiano será um dos primeiros estrangeiros a dialogar com o presidente russo desde que um motim de mercenários ameaçou o Kremlin —o movimento liderado por Ievguêni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, foi deflagrado na sexta (23) e terminou um dia depois.

Segundo o jornal católico francês La Croix, Zuppi deve conversar com o patriarca Cirilo, chefe da Igreja Ortodoxa russa e aliado de Putin. O religioso russo apoia a ofensiva contra a Ucrânia e já disse que os países do Ocidente estão decadentes —a guerra divide comunidades cristãs ortodoxas no mundo.

Zuppi esteve no início do mês em Kiev, onde se encontrou com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e autoridades religiosas. Sem detalhar em que pé estão as negociações, o cardeal italiano se limitou a dizer que as viagens aos países em guerra fazem parte de "um padrão para a resolução do conflito".

Já Zelenski se encontrou com o papa, no Vaticano, em maio. Na ocasião, presenteou o pontífice com um colete à prova de balas usado por um soldado e depois pintado com uma imagem de Nossa Senhora.

Francisco cita a Guerra da Ucrânia em quase todos os seus discursos semanais, enfatizando a necessidade de um acordo de paz. Mas hoje o principal entrave do Vaticano é ganhar a confiança de Moscou. Para isso, o papa tenta se aproximar de Putin por meio de intermediários.

No final de abril, por exemplo, Francisco foi a Budapeste, onde conversou com o premiê húngaro, Viktor Orbán. O papa também discutiu a guerra com o presidente Lula (PT), que o visitou na semana passada, após Francisco passar por uma cirurgia na região abdominal. O Vaticano espera que o líder brasileiro, por seu canal de diálogo aberto com Putin, possa contribuir nas negociações para o fim do conflito.

Lula mencionou durante o encontro a atuação do assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, enviado à Ucrânia e à Rússia, e afirmou que o auxiliar se encontrou em Roma com Zuppi. Segundo o brasileiro, ele e Francisco concordaram que é preciso haver vários atores envolvidos no diálogo sobre a paz para chegar a um denominador comum que leve a um acordo entre Kiev e Moscou.

"Estou de acordo com o papa Francisco: é preciso ter gente envolvida em discutir a questão da paz. É preciso colocar os atores numa mesa de negociação, parar de atirar e tentar encontrar uma solução pacífica", disse o petista depois do encontro com o papa. "Já conversamos com Índia, Indonésia, China, na perspectiva de criar uma consciência e um grupo que possa construir a paz. Nesse aspecto, o papa é uma pessoa extremamente importante, muito importante", acrescentou.

Com Reuters e AFP

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