Descrição de chapéu BBC News Brasil

Submarino de expedição ao Titanic: médico explica chances de sobrevivência conforme oxigênio diminui

Diferenças no metabolismo podem aumentar ou diminuir chances de sobrevivência, segundo especialista em medicina hiperbárica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

BBC News Brasil

A cada hora que passa desde domingo (18), quando o submarino Titan desapareceu no Oceano Atlântico, aumenta a tensão sobre a situação das cinco pessoas que estão a bordo.

A embarcação partiu com suprimento de oxigênio para cerca de 96 horas, e essa estimativa acabou na manhã desta quinta (22). John Mauger, da Guarda Costeira dos EUA, afirmou na quarta-feira (21), por volta de meio-dia (horário de Brasília), que o submarino teria cerca de 20 horas de oxigênio restantes.

Ou seja, haveria suprimento até aproximadamente 8h da manhã desta quinta-feira.

O submarino Titan, próximo à plataforma de onde foi liberado
O submarino Titan, próximo à plataforma de onde foi liberado - OceanGate Expeditions via Reuters

À BBC News o médico Ken Ledez, especialista em medicina hiperbárica de uma universidade em St John's, no Canadá —ponto de onde o Titan saiu para visitar destroços do Titanic no fundo do mar—, afirmou que a sobrevivência após o oxigênio eventualmente acabar dependeria do metabolismo de cada pessoa.

Ele acrescenta que, nessas circunstâncias, alguns poderiam sobreviver por mais tempo do que outros.

"Não é como apagar a luz no interruptor. É mais como escalar uma montanha", diz Ledez. "Eles precisarão fazer tudo o que puderem para reduzir o consumo de oxigênio: descansar, tentar ficar relaxados e calmos."

O interior do submarino Titan, retratado em uma missão anterior
O interior do submarino Titan, retratado em uma missão anterior - OceanGate Expeditions/Divulgação

Caso fiquem muito ativas, pessoas nessa situação podem acabar acelerando o metabolismo e ampliando a necessidade de oxigênio. Ele explica ainda que a hipotermia (a baixa temperatura corporal) pode ajudar.

"Existe a possibilidade de que eles percam temperatura a ponto de perder a consciência e possam sobreviver a isso... O batimento cardíaco pode ficar muito lento quando está frio", diz ele. "Eles poderiam continuar vivos uma semana depois do limite? Duvido. Mas alguns podem sobreviver mais do que outros."

Embora a situação esteja cada vez mais crítica, conforme vem alertando a Guarda Costeira americana, alguns têm apontado que a contagem de horas de suprimento de oxigênio disponível não é tão rígida.

Bobbie Scholley, que já foi mergulhador da Marinha americana, afirmou à BBC que ainda há esperança, mesmo depois de quinta-feira. "Todo mundo está focado na janela de 96 horas do suprimento, mas esse não é um número rígido. Sei que as equipes de busca não estão focadas neste número rígido", disse ele. "Esta continuará a ser uma missão de resgate mesmo depois desse número. Isso me dá esperança."

O empresário Oisin Fanning, que já viajou no Titan e afirma conhecer algumas pessoas que estão a bordo do submarino desaparecido, disse acreditar que a tripulação vai fazer de tudo para maximizar o oxigênio e lembrou que as pessoas envolvidas passaram por treinamentos antes de participar da expedição.

"Eles vão se manter calmos e vão respirar superficialmente para preservar o oxigênio pelo maior tempo."

Este texto foi publicado originalmente aqui.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.