Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia volta a atingir Crimeia e Rússia fecha ponte por precaução

Na última segunda, ataque de Kiev contra passagem usada por Moscou para transportar munições matou duas pessoas

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São Paulo

Menos de uma semana após provocar uma explosão que causou duas mortes na Crimeia, a Ucrânia voltou a atingir a península neste sábado (22), levando a Rússia a fechar novamente uma ponte estratégica para a guerra. Enquanto isso, um bombardeio no sudeste da Ucrânia matou um jornalista russo e feriu outras três pessoas, segundo o Ministério da Defesa de Moscou.

A Ucrânia reivindicou a ofensiva no que chamou de um distrito "temporariamente ocupado" no centro da Crimeia —a Rússia tomou o território em 2014, oito anos antes de começar a guerra contra o país vizinho, em fevereiro de 2022. O ataque teria destruído um depósito de petróleo e armazéns do Exército russo. Serguei Aksionov, governador instalado na península pela Rússia, afirmou que a explosão não fez vítimas, contudo.

Navio da Marinha da Rússia navega perto da ponte da Crimeia - Alexey Pavlishak - 17.jul.23/Reuters

Autoridades isolaram um raio de 5 km a partir da área atingida —imagens compartilhadas pela mídia estatal mostram uma espessa nuvem de fumaça cinza sobre o local. Também suspenderam o tráfego na ponte, situada a cerca de 180 km do lugar da explosão.

A passagem é o maior símbolo da anexação da Crimeia pela Rússia, além de fundamental para o abastecimento das forças de Moscou no contexto da Guerra da Ucrânia. Seu fechamento ocorre cinco dias depois de o segundo ataque à estrutura durante o conflito atingir um veículo e danificar um trecho da estrada.

O casal que estava no carro morreu, e a filha deles de 14 anos ficou ferida. O ataque, provocado por um drone submarino, ocorreu horas antes de os russos deixarem o acordo que permitia a Kiev exportar grãos pelo mar Negro.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse na sexta que a ponte era um alvo legítimo. "Essa é a rota usada para alimentar a guerra com munições, e isso está sendo feito diariamente", afirmou o líder. Desde a declaração, Moscou está em alerta máximo para incidentes na região.

A Ucrânia lançou no início de junho uma há muito anunciada contraofensiva para reconquistar territórios perdidos desde o início da invasão de seu território. O país reitera regularmente sua intenção de, no processo, resgatar também a Crimeia, que vive um limbo geopolítico desde que foi tomada pelo Kremlin —sua anexação é contestada pela ONU.

Um canal oficial da Rússia no Telegram pediu que os moradores da península não entrem em pânico em caso de alarme, e um conselheiro do governador da Crimeia, Oleg Kriutchkov, orientou a população a não postar imagens de infraestruturas críticas da ponte nas redes sociais, uma vez que isso poderia em última instância ajudar o inimigo. Kriutchkov disse ainda que os autores dessas postagens devem ser denunciados ao Ministério do Interior ou ao serviço de segurança russo.

A 300 km dali, na cidade ucraniana de Zaporíjia, três jornalistas russos foram feridos e um foi morto, segundo o Ministério de Defesa de Moscou.

Eles haviam sido retirados do campo de batalha, mas um correspondente da agência russa de notícias RIA, Rostislav Zhuravlev, acabou morrendo durante o percurso, segundo a pasta. Os demais estão em estado grave, mas seguem estáveis. "Não há risco de vida. Eles estão recebendo todos os cuidados médicos necessários", disse o ministério. A RIA confirmou que seu correspondente foi morto enquanto trabalhava.

O Ministério da Defesa russo ainda afirmou, sem apresentar evidências, que a Ucrânia usou bombas de fragmentação no ataque. Apesar de já ter sido usado por ambos os lados nos últimos 17 meses de guerra, o artefato bélico ganhou atenção depois que Kiev recebeu um carregamento de bombas do tipo dos EUA este mês.

O modelo de explosivo, que se fragmenta em dezenas de outras bombas menores que, por sua vez, são espalhadas por uma área extensa, é criticado por diversas organizações de direitos humanos e proibida em mais de 120 países. Como muitos dos projéteis não são detonados instantaneamente, eles continuam representando um risco à vida de civis em locais que foram palco de batalhas anos ou mesmo décadas após terem sido disparados.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia fez referência à doação americana ao afirmar que as potências ocidentais e as autoridades da Ucrânia têm responsabilidade na morte do repórter, acrescentando que o que chamou de um "crime odioso" não ficaria sem resposta.

O governador da região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia, já havia acusado Kiev de lançar bombas de fragmentação sobre cidade de Juravliovka na sexta-feira. Em um incidente paralelo, a emissora alemã Deutsche Welle disse no sábado que o jornalista Ievguêni Chilko, que colaborava com o veículo, foi ferido durante com essas munições após um ataque russo em solo ucraniano.

Com Reuters e AFP

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