Israel tem confronto entre polícia e manifestantes após avanço da reforma judicial

Pelo menos 19 pessoas foram presas nas manifestações; forças cogitaram uso de bombas de efeito moral, segundo imprensa

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São Paulo

A tensão novamente escalou em Israel nesta segunda-feira (24), após o Parlamento local aprovar a primeira parte do pacote que tenta limitar o poder do Judiciário no país.

Pelo menos 19 pessoas foram presas nos atos, com relatos crescentes de violência policial, de acordo com a emissora israelense Canal 13. Segundo o jornal Times of Israel, ao menos um manifestante sangrando foi visto sendo levado pela polícia em Tel Aviv.

Polícia usa canhões de água contra manifestantes que bloqueavam rodovia Ayalon, em Tel Aviv - Corinna Kern/Reuters

No início da madrugada desta terça (25), noite de segunda no Brasil, os policiais conseguiram desocupar a rodovia Ayalon, a principal de Tel Aviv, que havia sido bloqueada por uma multidão. A passagem, porém, ainda não foi liberada. Havia destroços e barricadas na rodovia, e centenas de manifestantes permaneceram nas laterais gritando "vergonha!" ao som de buzinas.

A polícia usou jatos d'água e uma cavalaria para dispersar a multidão, e, segundo o Canal 12, a corporação cogitou o uso de bombas de efeito moral —o que simbolizaria uma escalada da repressão. Esse tipo de dispositivo, afinal, é normalmente usado contra protestos promovidos por palestinos. A emissora registrou ainda que os policiais empurraram "brutalmente" seus profissionais ao tentar afastar os manifestantes.

Fora da cidade, um motorista colidiu com uma pequena multidão que bloqueava uma estrada, ferindo levemente três pessoas, disse a polícia, acrescentando que o dono do carro foi preso.

Em Jerusalém, protestos bloquearam uma rodovia perto do Knesset, o Parlamento israelense, que depois foi liberada pelos policiais, que arrastavam os manifestantes e usavam canhões de água. "É um dia triste para a democracia israelense. Vamos revidar", disse Inbar Orpaz, 36, do lado de fora prédio.

O texto aprovado nesta segunda extingue o conceito jurídico do "padrão de razoabilidade", usado por tribunais israelenses ao julgar que determinado ato do governo não levou em conta todos os aspectos relevantes para aquela discussão ou deu peso exagerado a alguns deles. À emissora britânica Canal 4 o ex-premiê Ehud Olmert, que tem participado dos protestos, disse que o país viverá uma guerra civil.

"Esta é uma ameaça séria. Isso nunca ocorreu antes. Estamos entrando numa guerra civil —desobediência civil com todas as consequências possíveis para a estabilidade do Estado e a capacidade do governo de gerir grande parte da população israelense, para quem o governo é percebido como ilegítimo", afirmou ele.

"O governo ameaça os alicerces da democracia, e isso não é algo que possamos aceitar ou tolerar."

Até 2006, Olmert era correligionário do atual premiê, Binyamin Netanyahu, que após levar ao poder a coalizão mais à direita da história de Israel, propôs a controversa reforma. Depois da aprovação do projeto, Netanyahu disse que buscaria dialogar com a oposição para chegar a um acordo até o final de novembro.

"Todos concordamos que Israel deve permanecer uma democracia forte, que deve continuar protegendo os direitos individuais de todos", afirmou o premiê.

Por ora, no entanto, o estado da sociedade é de fragmentação. A oposição considera a convocação do premiê ao diálogo vazia, já que os demais membros do governo rejeitaram qualquer tentativa de acordo, e acusa o experiente político de servir de fantoche para seus colegas.

Com Reuters

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