Reino Unido critica UE por chamar ilhas de Malvinas e gera atrito com Argentina

Representantes dos dois países discutem nas redes sociais soberania do arquipélago quatro décadas após guerra

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Londres | AFP

O governo britânico criticou a União Europeia nesta quinta-feira (20) por incluir o termo ilhas Malvinas para se referir ao arquipélago disputado com a Argentina —denominado ilhas Falklands no Reino Unido— na declaração final da cúpula com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

O texto em inglês inclui tanto Malvinas quanto Falklands para se referir ao arquipélago no Atlântico Sul, mas, na versão em espanhol, só há menção a Malvinas. Em português, as duas formas são utilizadas.

Turista em Stanley, nas ilhas Falklands/Malvinas
Turista em Stanley, nas ilhas Falklands/Malvinas - Eduardo Anizelli - 13.nov.22/Folhapress

"A respeito da questão de soberania envolvendo as ilhas Malvinas/Falklands, a UE toma nota da posição histórica da Celac baseada no diálogo e no respeito à lei internacional para soluções pacíficas de disputas", diz o ponto 13 da declaração. A Celac, por óbvio, está do lado argentino da disputa.

O presidente argentino, Alberto Fernández, comemorou o uso do termo Malvinas na declaração. "Uma vitória diplomática histórica. Um povo inteiro levou as Malvinas para uma declaração birregional", disse.

Já o Reino Unido usa a autodeterminação como principal argumento para tentar convencer a comunidade internacional a rejeitar a posição de Buenos Aires. Em 2013, 98% dos habitantes votaram em referendo por permanecer como território britânico. "Os habitantes votaram a favor de serem parte da família britânica. Argentina e UE deveriam ouvir sua escolha democrática", escreveu o chanceler britânico, James Cleverly.

A resposta de seu homólogo argentino, Santiago Cafiero, também publicada no Twitter, foi rápida —ele afirmou que o Reino Unido "viola a integridade territorial da Argentina há 190 anos".

Um funcionário da UE declarou à agência de notícias AFP, sob condição de anonimato, que o bloco europeu não mudou sua posição sobre o tema. O arquipélago do Atlântico Sul, situado a 400 quilômetros do litoral argentino e a quase 13 mil km do Reino Unido, foi palco de uma guerra de 74 dias em 1982. As batalhas se encerraram depois de o governo de Margaret Thatcher mandar tropas ao local. Após a rendição de Buenos Aires, o saldo foi de 649 mortos do lado argentino e 255 do britânico.

A Argentina defende que as ilhas, herdadas da coroa espanhola após sua independência, foram ocupadas por tropas britânicas em 1833. Uma resolução da ONU de 1965 reconhece um conflito pela soberania do território e insta ambos os países a negociar.

As ilhas são hoje um território além-mar do Reino Unido, mas seus habitantes defendem que a única dependência dos britânicos está relacionada à capacidade de defesa contra uma eventual ofensiva de Buenos Aires. Segundo o governo, não há suporte financeiro de Londres.

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