Descrição de chapéu Partido Republicano

Senador republicano cola em DeSantis nas primárias e preocupa adversários

Tim Scott, da Carolina do Sul, acumula pioneirismos como 1º negro eleito para diversos cargos, mas marginaliza pauta racial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington

Nem Donald Trump nem Ron DeSantis. Tim Scott, senador pela Carolina do Sul, desponta como um candidato cada vez mais competitivo para obter a indicação do Partido Republicano na disputa pela Casa Branca em 2024. E essa terceira via tem incomodado adversários.

Scott corre por fora, muito atrás de Trump, até aqui o favorito para conquistar a indicação, e figura nas pesquisas atrás de outros pré-candidatos. Mas três levantamentos recentes chamaram a atenção.

O senador Tim Scott, pré-candidato republicano à Casa Branca, durante evento de campanha em Iowa
O senador Tim Scott, pré-candidato republicano à Casa Branca, durante evento de campanha em Iowa - Scott Olson - 2.jun.23/Getty Images via AFP

Sondagem do canal Fox Business, divulgada no domingo (23), mediu a tração dos candidatos para a primária republicana em Iowa. A votação em 15 de janeiro é vista como chave por ser a primeira entre as que escolherão o nome que constará nas urnas em novembro do ano que vem.

À frente está Trump, com 46% das intenções de voto. Na sequência, DeSantis, com 16%. Mas, empatado na margem de erro de 3,5 pontos percentuais, aparece Scott, que encostou no governador da Flórida, com 11%. E o senador tem mais chance de crescer, já que conta com a menor rejeição dos três —apenas 12%.

Também no domingo, outra pesquisa, desta vez na Carolina do Sul, mostrou o senador colado a DeSantis, com 10% das intenções de voto, enquanto o rival tinha 13%. Outro nome bem posicionado por lá, porém, é o de Nikki Haley, ex-governadora do estado, com 14%. E, à frente de todos, Trump, com 48%. Um terceiro levantamento, da Universidade de New Hampshire, apontou Scott em terceiro lugar nas primárias locais.

A seis meses da disputa republicana, porém, os resultados podem variar muito. E em outros estados Scott aparece atrás de nomes como o empresário Vivek Ramaswamy e o ex-vice-presidente Mike Pence.

Mas a trajetória crescente do senador chamou a atenção até de grandes doadores do partido, como o bilionário Ronald Lauder, sobretudo os que procuram uma alternativa a Trump, primeiro ex-presidente a se tornar réu em casos criminais, e estão frustrados com a falta de tração de DeSantis. Scott também tem apoio de Larry Ellison, fundador da Oracle e quarta pessoa mais rica do mundo segundo a Forbes.

O cenário ensejou críticas de comitês de apoio de seus adversários, como o "Grande Retorno da América", que levanta recursos para a campanha do governador da Flórida, como apontou memorando interno do grupo divulgado pelo canal NBC. "A biografia de Tim Scott carece da luta que nosso eleitorado está procurando no próximo presidente. Esperamos que ele receba o escrutínio apropriado. Encontramos baixo ou nenhum interesse em Vivek [Ramaswamy], [Doug] Burgum e Nikki [Haley], enquanto muitos eleitores não considerarão [Mike] Pence e [Chris] Christie para que sejam remotamente viáveis", diz o documento.

Scott, 57, é o único senador negro filiado aos republicanos em atividade e um dos quatro da história da legenda. Ele acumula outros pioneirismos, como o fato de ser o único político negro a servir na Câmara e no Senado e o primeiro senador negro eleito por um estado do sul desde a Guerra Civil, no século 19.

Quando entrou na política, em 1995, como vereador pelo condado de Charleston, ele foi a primeira pessoa negra eleita para um cargo político na Carolina do Sul desde 1902. Ocupou o posto por 14 anos, até ser eleito para um mandato na Câmara estadual e, em 2011, para a Câmara dos Representantes. Serviu como deputado por apenas um mandato. Em 2013, Haley, então governadora e hoje sua rival, o indicou para um cargo vago no Senado, e ele venceu todas as eleições que disputou desde então para se manter no posto.

Apesar da sequência de pioneirismos, o senador rejeita a questão racial. Em 2021, disse que nunca "experimentou a dor da discriminação, os EUA não são um país racista". Scott, por outro lado, criticou Trump quando relativizou os supremacistas brancos que marcharam em Charlottesville, na Virgínia, em 2017. Também apoiou pleitos de reforma policial após o assassinato de George Floyd em 2020.

A relação com o ex-presidente é a mais delicada, já que uma parcela dos pré-candidatos evita criticá-lo abertamente, dada sua popularidade nas fileiras do partido. Na última semana, após Trump anunciar que era alvo de investigação do Departamento de Justiça pelo ataque ao Capitólio em 2021, Scott afirmou que os baderneiros que invadiram o prédio, não o correligionário, são responsáveis pelo episódio.

Mesmo atrás na corrida, o otimismo em relação à campanha de Scott contrasta com o pessimismo na equipe de DeSantis, que tem tido dificuldade de deslanchar. Nesta terça-feira (25), o governador demitiu 26 funcionários de sua campanha de reeleição, que se somam aos 12 demitidos na última semana. Pela manhã, o governador sofreu um acidente de carro no Tennessee, mas não houve feridos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.