Haddad diz que Brics não deve significar 'nenhum tipo de antagonismo' a outros blocos

Discurso do ministro ocorre em meio a debate sobre ampliação do bloco e a receios de que grupo assuma agenda anti-EUA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Joanesburgo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu nesta terça-feira (22) que o Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não deve significar "nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes" no cenário internacional.

"Nós acreditamos que o Brics tem grande contribuição a dar. Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia podem, cada um a partir de sua perspectiva, oferecer ao mundo uma visão que seja coerente com seus propósitos e que não signifique nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes dos quais nós mesmos participamos", disse Haddad, na abertura do fórum de negócios do bloco, em Joanesburgo.

A fala do ministro ocorre em meio ao debate sobre a ampliação do bloco. A China, maior economia do grupo, defende uma ampla expansão. O projeto de Pequim é visto como a tentativa de criar um fórum antagonista aos Estados Unidos e ao G7 —que reúne alguns dos principais países industrializados.

Haddad fala ao microfone e gesticula enquanto segura folha de papel
Fernando Haddad discursa em cerimônia de lançamento do novo PAC - Mauro Pimentel/AFP

Isso porque entre os candidatos a entrar há adversários históricos dos EUA, como Irã, Venezuela e Cuba.

O projeto chinês enfrenta resistência principalmente do Brasil e da Índia. Antes refratários à expansão, ambos os países hoje aceitam discutir a ampliação, mas querem critérios que, entre outros pontos, evitem a politização do grupo.

Em seu discurso, Haddad defendeu ainda o multilateralismo. Disse que é preciso reformar organismos internacionais para que eles melhor reflitam o novo cenário global e a ascensão de economias emergentes.

Poucas horas depois, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse que a cúpula do Brics representa uma "afirmação global". "Acho que todo o interesse que existe na expansão, países que desejam ser parceiros ou membros plenos do Brics, demonstra que há uma nova força no mundo. O mundo não pode ser mais visto como o ditado pelo G7. O [ex-presidente dos EUA Barack] Obama já tinha percebido isso quando disse que o G20 substituiu o G7", declarou.

"Agora está havendo uma tendência em função da rivalidade entre EUA e China, em função da Guerra da Ucrânia, está tendo uma retração. Acho que, acima de tudo, essa reunião do Brics, com o grande interesse, o enorme número de países em desenvolvimento, demonstra que o mundo é mais complexo do que isso".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.