Descrição de chapéu Brics China Rússia

Índia tem 'mente aberta' sobre expansão do Brics, mas quer critérios, diz chanceler

Ampliação impulsionada pela China tem encontrado resistências em Brasília e Nova Déli

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Nova Déli

O chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse nesta quarta (16) que o país encara com "mente aberta" o debate sobre a expansão do Brics, bloco com Brasil, Rússia, China, África do Sul e, claro, Índia.

O ministro de Relações Exteriores afirmou ainda ter uma "visão positiva" sobre o tema, mas destacou que qualquer processo de ampliação do grupo precisa seguir critérios para preservar a natureza do bloco.

"Temos a mente aberta sobre o tema, uma visão positiva. Mas obviamente alguns critérios precisam existir, no sentido de que precisamos de normas para fazermos a nossa avaliação", disse Jaishankar durante entrevista em Nova Déli a um grupo de jornalistas estrangeiros, da qual a Folha participou.

O ministro de Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, durante encontro de chanceleres da Asean em Jacarta, na Indonésia
O ministro de Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, durante encontro de chanceleres da Asean em Jacarta, na Indonésia - Bay Ismoyo - 13.ago.23/Pool/AFP

Brasil e Índia são vistos como os países que mais resistem a aceitar novos membros no Brics —a ampliação é um projeto liderado pela China e conta com o apoio de Rússia e África do Sul.

No início de agosto, porém, a agência de notícias Reuters reportou que Nova Déli poderia flexibilizar sua posição contra a expansão. O governo brasileiro, por sua vez, tem destacado em reuniões que o momento é de acertar os critérios que balizariam o movimento. A retórica brasileira é apontada por alguns diplomatas estrangeiros como uma forma de o país mascarar sua oposição à entrada de novos sócios.

Jaishankar disse ainda que é importante preservar a natureza do bloco, por meio de "mecanismos de avaliação, normas a partir das quais julgaremos potenciais candidatos". "Porque existe um número muito grande de países que expressaram interesse em se juntar ao Brics, e teremos que decidir como priorizar."

Nações como Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos e Venezuela já manifestaram interesse em integrar o grupo, visto por alguns analistas como um contraponto a outros blocos formados por potências do Ocidente, já que o Brics é constituído por países considerados em desenvolvimento.

"Existe outro fator importante: consensos. O Brics sempre funcionou a partir do consenso, e qualquer decisão que tomemos precisa de consenso", disse o chanceler. "Vamos trabalhar no nível de conforto de todos os demais. Teremos discussões entre as delegações, mas no final é preciso ter consenso."

Apesar de o Itamaraty adotar uma posição mais defensiva, o presidente Lula (PT) já defendeu publicamente a inclusão de países como Venezuela, Argentina e Arábia Saudita no Brics.

O jornalista viajou a convite do governo da Índia

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