Descrição de chapéu América Latina petrobras

MP da Colômbia acusa 22 ex-executivos e lobistas da Odebrecht de suborno

Marcelo Odebrecht é um dos citados em caso de suspeita de pagamento de propinas para contrato de US$ 1 bilhão

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Bogotá | AFP e Reuters

O Ministério Público da Colômbia acusou nesta quinta-feira (17) 22 pessoas ligadas à Odebrecht de terem pago mais de 80 bilhões de pesos (R$ 1,1 milhão na cotação atual) em propinas para vencer um edital para a construção de uma rodovia com contrato equivalente a um US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões).

O MP também afirmou que a empreiteira brasileira, centro de um dos maiores escândalos de corrupção da América Latina, ainda deve ao governo colombiano mais de 494 bilhões de pesos (cerca de R$ 590 milhões). A construtora só teria devolvido 19 bilhões de pesos (R$ 23 milhões), ou cerca de 4%, do total de 514 bilhões de pesos (R$ 623 milhões) que gerou em danos para a administração pública.

O empresário Marcelo Odebrecht em sua residência, em São Paulo
O empresário Marcelo Odebrecht em sua residência, em São Paulo - Eduardo Knapp - 5.dez.19/Folhapress

A lista dos ex-executivos e lobistas brasileiros que enfrentarão processos inclui o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. Ele já cumpre, em prisão domiciliar, pena de dez anos imposta pela Justiça brasileira em 2016 por outro escândalo de subornos, relacionado à Petrobras.

Eder Paolo Ferracutti, Amilton Hideaki e Marcio Marangonni, executivos que também se tornaram réus segundo o MP colombiano, já tinham sido acusados de corrupção em março de 2021. Na época, o órgão anunciou que solicitaria um mandado de prisão internacional contra o trio. O documento, no entanto, jamais foi emitido, e um dos funcionários do órgão é investigado por não fazê-lo tramitar. O MP não informou se as acusações feitas nesta quinta são as mesmas de então ou se são novas denúncias.

Além dos brasileiros, a ação ainda acusa 33 funcionários públicos do país. Diferentemente de outras nações latino-americanas, como o Peru, na Colômbia trabalhadores estatais de alto escalão não foram julgados pelo envolvimento em casos de corrupção ligados à Odebrecht. Luis Fernando Andrade, ex-diretor da Agência Nacional de Infraestrutura colombiana, por exemplo, fugiu para os EUA em 2018 alegando perseguição do Ministério Público.

Desde que admitiu ter subornado autoridades em dezenas de países, em 2016, a Odebrecht já foi condenada a pagar ao menos US$ 2,6 bilhões (R$ 12,9 bilhões) para os governos de EUA e Suíça, além do próprio Brasil. A empresa mudou seu nome em 2020 para Novonor, numa tentativa de reformular a marca.

A Novonor disse estar colaborando com as investigações em curso em Bogotá e afirmou em nota que "análises apontam para um cenário de potencial ilegalidade de iniciativas de persecução a colaboradores". "Medidas a serem tomadas para proteção dos direitos das pessoas e da empresa estão sendo avaliadas."

O anúncio do MP é feito um dia depois de o presidente colombiano, Gustavo Petro, pedir ao órgão a reabertura dos casos envolvendo a construtora, solicitando ajuda aos governos do Brasil e dos Estados Unidos para punir os principais responsáveis. A decisão se dá em um momento em que o próprio líder esquerdista enfrenta suspeitas de corrupção por financiamento ilegal de campanha.

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