Descrição de chapéu The New York Times

Mulher grávida negra morre em abordagem policial em supermercado nos EUA

Agente atirou contra Ta'Kiya Young, 21, que havia sido acusada de furtar bebidas na loja; bebê também não resistiu

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Michael Levenson
The New York Times

A polícia de um município na região metropolitana de Columbus, capital do estado americano de Ohio, divulgou nesta sexta-feira (1º) imagens da câmera corporal de um policial que atirou e matou uma mulher negra grávida enquanto ela estava dentro de seu carro no estacionamento de um supermercado na semana passada.

A morte de Ta'Kiya Young, 21, levou a protestos e a uma investigação do Bureau de Investigação Criminal de Ohio sobre o uso de força letal pela polícia em Blendon, localidade com cerca de 10 mil habitantes a nordeste de Columbus.

A filial de Columbus da NAACP, uma das principais organizações pela defesa dos direitos civis nos Estados Unidos, pediu que o policial que aparece nas imagens seja demitido da corporação. O vídeo mostra o agente abrindo fogo abriu fogo enquanto Young avançava com o carro.

Trecho de vídeo captado por câmera corporal mostra abordagem de policiais que resultou na morte de Ta'Kiya Young, 21, em Blendon, nos EUA - Departamento de Polícia de Blendon - 24.ago.23/via Reuters

A família da mulher disse em um comunicado nesta sexta que as imagens da câmera corporal mostram que sua morte foi "não apenas evitável, mas também um grave abuso de poder e autoridade".

A polícia mostrou o vídeo ao pai, à avó e a outros parentes de Young na manhã desta sexta antes de divulgar as imagens ao público, disse o advogado da família, Sean Walton.

Segundo a polícia de Blendon, dois agentes estavam no estacionamento de um supermercado no último dia 24 ajudando uma outra mulher que estava trancada para fora de seu carro, quando um funcionário da loja se aproximou de um deles e disse que Young havia furtado garrafas de bebidas alcoólicas.

O vídeo mostra um dos policiais se aproximando de Young, que estava atrás do volante de um carro em uma vaga de estacionamento. Ele bate na janela e pede algumas vezes que ela saia do carro.

"Eles disseram que você roubou coisas. Não vá embora", diz o policial.

Young permanece atrás do volante e diz ao agente que não furtou nada.

Durante a confrontação, um segundo policial caminha na frente do carro, ordena que ela saia e então saca sua arma quando ela vira o volante, de acordo com as imagens.

Quando Young avança com o carro e aparentemente atinge o policial, ele atira no para-brisa. O disparo atinge a mulher, cujo carro então colide com a parede do centro comercial. Ela chegou a ser levada para um hospital, mas lá foi declarada morta. Segundo Walton, o advogado, a família de Young alega que sua morte deve acarretar uma acusação criminal contra o policial que atirou.

Young morava em Columbus, era aspirante a assistente social e mãe de dois meninos, de 3 e de 6 anos. Estava grávida, com parto previsto para novembro.

"Como se a dor de perder Ta'Kiya não fosse suficiente, agora temos que lidar com o faro de que sua filha ainda não nascida também foi privada de sua vida neste ato odioso", disse a família em comunicado.

O chefe de polícia de Blendon, John Belford, referiu-se à morte de Young como "uma tragédia em nossa comunidade". "A família da Sra. Young está compreensivelmente muito abalada e em luto. Embora nenhum de nós possa entender completamente a profundidade de sua dor, todos podemos lembrá-los em nossas orações e dar-lhes tempo e espaço para lidar com essa reviravolta trágica dos acontecimentos."

Belford disse que havia colocado ambos os policiais em licença administrativa remunerada após a ocorrência, embora só o agente que não atirou tenha retornado ao serviço.

Belford não divulgou os nomes dos dois policiais, dizendo que eles, juntamente com Young, eram "possíveis vítimas de crime" cujas identidades não podem ser divulgadas sem autorização judicial, de acordo com a legislação local.

Ainda segundo o chefe de polícia, o agente que atirou em Young foi uma "vítima de tentativa de agressão veicular". O outro policial, que a abordou pela janela e estava apoiado no veículo quando a mulher avançou, foi uma "vítima de agressão de menor potencial ofensivo". Belford afirmou ainda que demandou uma investigação mais abrangente de todo o episódio.

Um porta-voz do Bureau de Investigação Criminal disse nesta sexta que o inquérito estava em andamento e que os resultados seriam enviados ao promotor do condado para determinar se havia motivos para acusações criminais.

A polícia de Blendon também divulgou uma versão das imagens da câmera corporal narrada por Russell Martin, ex-xerife e ex-chefe de polícia em outra região de Ohio. Belford disse que havia pedido que Martin "fizesse observações e fornecesse comentários contextuais" sobre a ocorrência sem tirar conclusões sobre se o disparo foi ou não justificado.

No vídeo, Martin diz que o policial que atirou em Young estava em "uma posição claramente vulnerável" diretamente na frente do carro e acrescenta: "Os policiais são treinados para sacar suas armas quando ameaçados com força letal, que pode ser de uma arma, de uma faca ou de um veículo".

Walton, o advogado da família Young, disse que o policial violou a política do departamento, que estabelece que agentes devem tomar medidas razoáveis para sair do caminho de um veículo em vez de atirar. Ele também disse que, de acordo com uma testemunha, Young não havia furtado nada da loja.

A polícia de Blendon encaminhou perguntas sobre a acusação de furto ao Bureau de Investigação Criminal, que se recusou a comentar, alegando que a investigação ainda está em andamento. Desde a ocorrência, manifestantes se reuniram do lado de fora do supermercado para expressar indignação com a morte de Young e exigir punição aos responsáveis.

"Não importa o que ela tenha feito. Nada justifica ela ter sido baleada e sua bebê ainda não nascida ter sido morta", disse Nana Watson, presidente do ramo de Columbus da NAACP, em uma entrevista na sexta-feira. "É trágico e horrível para esta comunidade."

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