Tempestades como a que alagou Nova York são 'novo normal', diz governadora

Inundações fecharam ruas e estações de metrô na cidade, que teve o mês de setembro mais chuvoso em 140 anos

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Nova York | Reuters e The New York Times

Após uma semana de chuvas constantes, a tempestade intensa que causou enchentes repentinas na cidade de Nova York nesta sexta (29) reflete um "novo normal" e é resultado da crise do clima, de acordo com a governadora de Nova York, a democrata Kathy Hochul.

"Eu quero enfatizar o quão sério foi esse acontecimento", afirmou Hochul neste sábado (30). "Sabemos que isso é resultado das mudanças climáticas. Infelizmente, isso é o q ue temos que esperar como o novo normal."

A região metropolitana de Nova York já não está sob alerta de enchentes, segundo a agência climatológica do país, embora pancadas de chuva ainda deixem autoridades de sobreaviso para enviar auxílio e equipes de resgate a algumas áreas de risco.

A governadora de Nova York acrescentou que conversou com a Casa Branca e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e disse que eles estavam preparados para apoiar uma declaração federal de emergência em caso de necessidade.

Na sexta, a democrata havia alertado que as enchentes representavam "risco de vida" e declarou estado de emergência para a cidade de Nova York, Long Island e Hudson Valley. Ela elogiou a ação das autoridades e reforçou que não foram relatadas mortes relacionadas à tempestade.

O estado de emergência, que permite alocação mais rápida de recursos para lidar com situações de crise, permanecerá em vigor pelos próximos seis dias, segundo Hochul.

A cidade mais populosa dos Estados Unidos foi atingida por quase 200 milímetros de chuva em alguns locais. Com cascatas de água jorrando das paredes e do teto de estações de metrô, diversas linhas foram suspensas na sexta. Algumas rotas de ônibus também apresentaram lentidão e vídeos em redes sociais mostravam passageiros dentro dos veículos em movimento com os pés submersos.

Voos foram cancelados ou atrasaram nos aeroportos de La Guardia e JFK. Na área deste último, no bairro do Queens, foram 218 milímetros de precipitação nesta sexta —o valor mais alto para um único dia na história do local, de acordo com a agência climatológica do país.

Neste sábado, a situação foi normalizada nos metrôs e vias que haviam sido bloqueadas, mas atrasos ainda estão sendo registrados. Nos aeroportos, o serviço foi retomado.

Um hospital no Brooklyn que operou com geradores de emergência por horas após uma queda de energia na sexta começou a retirar todos os pacientes e funcionários do local neste sábado para que a companhia elétrica local pudesse fazer reparos.

"Estamos preparados para ativar um plano completo de retirada", disse Gregor Calliste, diretor executivo do Woodhull Medical Center. Os pacientes em estado crítico haviam sido transferidos para outros hospitais na sexta como precaução. Mais 120 pacientes seriam encaminhados a outras instituições neste sábado, segundo comunicado.

A intensidade da tempestade se somou aos dias seguidos de chuva constante e fez a cidade bater um recorde: com 354 milímetros de precipitação acumulada, este foi o setembro mais chuvoso desde 1882, quando a cidade registrou 428 milímetros, segundo dados da agência climatológica.

"O sistema [de esgoto e drenagem] foi projetado há muito tempo para uma precipitação na taxa de 44,4 milímetros por hora, e estamos consistentemente recebendo mais do que isso, então precisamos de escoamento adicional", afirmou o chefe da agência metropolitana de transportes, Janno Lieber, à imprensa.

Milhões de pessoas têm sido impactadas por fenômenos meteorológicos extremos e por ondas de calor prolongadas em todo o mundo nas últimas semanas. O IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática) já afirmou que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças é causada pela ação humana.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

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