Canadá retira 41 diplomatas da Índia em meio a crise após assassinato de ativista

Nova Déli havia ameaçado expulsar representantes de Ottawa no país e rejeita acusação de participação em morte de líder sikh

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Ottawa | Reuters

O Canadá retirou 41 diplomatas da Índia, disse nesta quinta-feira (19) a ministra das Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly. A decisão ocorre em meio a crise entre os dois países após o premiê Justin Trudeau acusar autoridades da inteligência indiana de participação no assassinato de um ativista sikh em solo canadense —de origem indiana, o homem era também cidadão do Canadá.

Na ocasião, Trudeau afirmou que havia evidências de uma possível ligação de agentes indianos e a morte de Hardeep Singh Nijjar, baleado na saída um templo sikh na província canadense de Colúmbia Britânica, em junho.

Ministra das Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly, ao lado do premiê do país, Justin Trudeau
Ministra das Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly, ao lado do premiê do país, Justin Trudeau - Blair Gable - 18.out.23/Reuters

Os sikhs são uma minoria religiosa da região do Punjab, no noroeste da Índia, e parte pequena deles, principalmente integrantes da diáspora local, defendem a criação de um Estado independente sikh no local —o movimento é tratado como terrorista por Nova Déli.

Joly disse que a Índia ameaçou revogar unilateralmente o status oficial dos diplomatas até sexta-feira (20), a menos que eles saíssem. Essa medida, segundo a chanceler, não é razoável, viola a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e é sem precedentes. No mês passado, o governo indiano já havia exigido de Ottawa que reduzisse sua presença diplomática no país.

"Dadas as implicações das ações da Índia na segurança de nossos diplomatas, facilitamos sua partida segura da Índia", disse Joly em uma entrevista coletiva. "Se permitirmos que a norma da imunidade diplomática seja quebrada, nenhum diplomata em qualquer lugar do planeta estará seguro. Por esse motivo, não iremos retaliar", acrescentou.

Atualmente, 21 diplomatas canadenses continuam na Índia. Os 41 que saíram foram acompanhados por 42 dependentes.

A Índia rejeitou e tratou como absurda a acusação de Trudeau de que seus agentes estavam ligados ao assassinato de Nijjar, que já havia sido classifica como terrorista pelo governo indiano.

Aproximadamente 2 milhões de canadenses, cerca de 5% da população total, têm herança indiana. A Índia é de longe a maior fonte de estudantes internacionais do Canadá, representando cerca de 40% dos detentores de permissões de estudo.

O ministro da Imigração, Marc Miller, afirmou que a partida dos diplomatas significa que Ottawa reduzirá o número de funcionários da embaixada que lidam com imigração. No fim de setembro, o governo indiano recomendou a seus cidadãos que evitassem viagens ao Canadá.

"Reconhecemos as preocupações e frustrações que essa situação pode causar para clientes, famílias, instituições educacionais, comunidades e empresas no Canadá como um todo", disse ele na mesma entrevista coletiva. Os centros de solicitação de visto na Índia são operados por empresas terceirizadas e não serão afetados, segundo Miller.

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