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Ditadura Ortega dissolve ordem católica franciscana na Nicarágua

Medida se soma a outros ataques contra a igreja feitos pelo regime, que acusa instituições de serem uma 'máfia'

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Manágua | AFP

A ditadura de Daniel Ortega dissolveu a ordem dos Frades Menores Franciscanos e outras 16 organizações não governamentais ligadas à Igreja Católica e denominações evangélicas, nesta terça-feira (24).

A dissolução se dá pelo cancelamento da personalidade jurídica da ordem franciscana e das outras instituições. De acordo com o diário oficial do regime, a justificativa para o fechamento dessas entidades é de que elas não informaram fontes de financiamento e detalhes de doações. Os bens móveis e imóveis das organizações são transferidas ao Estado.

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua esposa e vice, Rosario Murillo, em parada militar em Manágua, em setembro
O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua esposa e vice, Rosario Murillo, em parada militar em Manágua, em setembro - Jairo Cajina - 5.set.23/Governo da Nicarágua/AFP

A medida é mais um ataque da ditadura comandada por Daniel Ortega e sua vice e esposa, Rosario Murillo, a instituições religiosas na Nicarágua. Em agosto, por exemplo, foi a vez da Companhia de Jesus, ordem jesuíta da Igreja Católica, também teve a personalidade jurídica cancelada.

No mesmo mês, a Universidad Centroamericana, faculdade fundada pela Companhia de Jesus em 1960 que, segundo a ditadura, atuava como um "centro de terrorismo" e organizava "grupos criminosos armados e encapuzados".

Os bens da universidade, que mudou de nome para Universidade Nacional Casimiro Sotelo Montenegro, foram transferidos para o Estado, e o regime passou a gerir a instituição e a indicar nomes para cargos de confiança. "Agradecemos a Deus, à Revolução Popular Sandinista, ao nosso presidente, o comandante Daniel Ortega Saavedra, e à nossa companheira e vice-presidente, Rosario Murillo", afirmou o novo reitor, Alejandro Genet Cruz, em seu discurso de posse, no dia 18 de agosto.

A UCA, como era conhecida, era uma universidade privada sem fins lucrativos. Embora seus alunos pagassem mensalidades, oferecia bolsas e, até março de 2022, contava com parte dos 6% do orçamento público que o Estado direcionava ao ensino superior.

A instituição era gerida por jesuítas, ordem que também sofreu um ataque do regime ao ser dissolvida na última quarta-feira (23). O novo nome da universidade homenageia um líder estudantil que se tornou mártir após ser assassinado em 1967 pela ditadura dos Somoza, contra a qual Ortega lutou —hoje, críticos afirmam que este tem se aproximado cada vez mais daquele.

A Nicarágua fechou mais de 3.000 ONGs desde que endureceu a legislação após protestos de 2018 contra o regime, que em três meses de bloqueios de ruas e confrontos deixaram mais de 300 mortos, segundo as Nações Unidas.

A relação entre a Igreja Católica e o governo se deteriorou no meio dessas manifestações, que Ortega afirma terem sido uma tentativa de golpe de Estado promovida pelos Estados Unidos —o país, junto com a União Europeia e outras nações, denunciaram a repressão contra opositores da ditadura nicaraguense.

Vários religiosos foram instados a deixar o país e 12 padres foram enviados a Roma na última semana após sua libertação.

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