Lula chama Hamas de terrorista pela 1ª vez e diz que reação de Israel é insana

Em pronunciamento por vídeo, petista ainda menciona mortes de crianças por bombardeios

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (20), que o grupo Hamas cometeu atos de terrorismo ao invadir Israel em 7 de outubro e que este, por sua vez, reagiu de "forma insana" ao bombardear de modo contínuo a Faixa de Gaza desde então, levando à morte de milhares de crianças.

Esta é a primeira vez que o presidente usa o termo "terrorismo" para qualificar o Hamas diretamente, algo pelo qual vinha sendo cobrado. Ele tem evitado se posicionar em favor de um dos lados no conflito.

Lula em conversa por telefone com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, líder do povo palestino, na busca de apoio para a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza. - Ricardo Stuckert-14.10.2023/Secom-PR

"Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza", afirma Lula em vídeo, em referência ao balanço de 1.524 mortes divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza. "[Crianças] Que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças."

O petista ainda manifestou solidariedade a crianças impactadas por outro conflito, a Guerra da Ucrânia. "Não é possível tanta irracionalidade, tanta insanidade, que as pessoas façam uma guerra tendo em conta que as pessoas que estão morrendo são mulheres, pessoas idosas, crianças."

A declaração foi feita durante a cerimônia dos 20 anos do Bolsa Família, celebrada no Ministério do Desenvolvimento Social. Lula participou do evento por videoconferência naquela que representou sua primeira aparição pública desde que realizou cirurgias no quadril e nas pálpebras.

A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, estava ao seu lado na transmissão do Palácio da Alvorada, e se emocionou quando o presidente falou das crianças mortas em Gaza.

Desde 29 de setembro, quando Lula se submeteu às cirurgias, o Palácio do Planalto só divulgou três imagens dele: duas delas em ligações internacionais a respeito da guerra no Oriente Médio, e uma durante a assinatura de um decreto em reunião com ministros. Enquanto se recupera, o chefe do Executivo tem trabalhado normalmente, despachando todo dia do Palácio da Alvorada.

Nesta sexta, o petista também conversou por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron. Segundo nota do Planalto, Lula agradeceu pelo voto francês a favor da resolução brasileira no Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito entre Israel e Hamas.

Com 12 votos favoráveis de 15 possíveis, o texto não foi aceito porque recebeu veto dos Estados Unidos. A justificativa dada pela embaixador americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, foi de que a proposta não trazia a afirmação do direito de Israel de se defender. Rússia e Reino Unido se abstiveram.

O comunicado da Presidência afirma que Lula e Macron falaram sobre a importância da criação de um "corredor humanitário para saída de estrangeiros e entrada de água potável, alimentos e remédios" na Faixa de Gaza, e concordaram com a urgência da libertação de reféns pelo Hamas. Os presidentes também manifestaram preocupação com os riscos de que o conflito se intensifique.

Macron confirmou que fará sua primeira visita oficial ao Brasil no primeiro semestre do ano que vem, a convite de Lula, de acordo com a nota do Planalto.

O governo federal recriou o Bolsa Família, principal programa social das gestões petistas, em março deste ano, por meio de uma MP (Medida Provisória). A normativa prevê um intervalo de dois anos para o governo reajustar seus valores e a linha de pobreza que determina quem é elegível ao programa —hoje o preço médio do benefício, sob o novo desenho, é de R$ 714.

O texto foi aprovado em junho pelos congressistas, que acrescentaram a ele a garantia da continuidade do programa de Auxílio-Gás, e a inclusão de lactantes entre os grupos contemplados com um benefício adicional de R$ 50 por mês. O projeto original enviado pelo governo ao Congresso Nacional estendia o bônus apenas a crianças e adolescentes de 7 a 18 anos e gestantes.

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