Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Republicano Mike Johnson é eleito presidente da Câmara dos EUA

Escolha põe fim a três semanas de impasse na Casa, desde que seu antecessor, Kevin McCarthy, foi destituído

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São Paulo

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos elegeu o republicano Mike Johnson, um conservador com pouca experiência em liderança, como presidente da Casa nesta quarta-feira (25). A escolha põe fim a três semanas de impasse que começaram com a destituição de Kevin McCarthy, o último líder da Câmara.

Foram 220 votos para levar o congressista de 51 anos, que cumpre seu terceiro mandato, à cadeira de presidente, enquanto seu adversário, o democrata Hakeem Jeffries, angariou o apoio de 209 deputados. O cargo estava vago desde a saída do correligionário de Johnson em 3 de outubro —queda provocada pela ala mais radical do Partido Republicano.

Recém-eleito presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson faz seu juramento de posse no Capitólio, em Washington - Chip Somodevilla/Getty Images via AFP

A expectativa é que o grupo esteja mais satisfeito com o novo líder, um advogado da Louisiana apoiado pelo ex-presidente Donald Trump que passou anos lutando por políticas conservadoras em temas como casamento e direito ao aborto.

Em um discurso com diversas referências cristãs, Johnson prometeu tentar "restaurar a fé do povo" na Câmara. "A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus é aquele que levanta os que estão no poder", disse ele. "Ele levantou cada um de vocês, todos nós. E eu acredito que Deus ordenou e permitiu que cada um de nós estivesse aqui neste momento específico."

A eleição encerrou um período de caos. Nas semanas seguintes à queda de McCarthy, três possíveis substitutos republicanos desistiram ou não conseguiram os votos necessários para ocupar a presidência.

As primeiras semanas de Johnson no cargo, porém, serão um teste, já que o vácuo de poder deixou a Casa incapaz de cumprir suas funções básicas. A tarefa mais urgente da Câmara é aprovar uma nova lei de gastos até 17 de novembro para impedir uma paralisia do governo.

Espera-se que, agora, o órgão volte ao seu funcionamento normal —líderes da Casa geralmente se concentram em tarefas burocráticas, como arrecadação de fundos e contagem de votos. Isso, porém, será um desafio para Johnson, mais conhecido pelo seu papel na agenda de costumes.

Eleito pela primeira vez em 2016, ele será o presidente com menos experiência em décadas. Seu principal feito político foi participar de um recurso malsucedido que tentava anular os resultados eleitorais nos estados em que Trump havia perdido em 2020 para o democrata Joe Biden. Nesta terça-feira (24), Johnson se recusou a comentar o caso a um jornalista, que acabou vaiado por outros republicanos.

O político é conhecido também por apoiar projetos que tentam restringir a imigração e proibir a exigência de máscaras de proteção em aeroportos. Em um podcast lançado em março do ano passado com sua esposa, a conselheira pastoral Kelly, Johnson mostra alguns de seus posicionamentos. Ao longo de 69 episódios, o político chama a agenda democrata de "socialista" e critica as acusações que Trump enfrenta por tentar reverter os resultados das eleições.

Em carta aos colegas, o novo líder prometeu garantir o funcionamento do governo dos EUA quando o atual orçamento expirar. A preocupação é justificada —a queda de McCarthy aconteceu após o republicano aprovar, com apoio democrata, uma medida temporária para manter o governo operando enquanto as leis orçamentárias para o ano fiscal de 2024 não fossem ratificadas.

Apesar do passado de Johnson, aventuras em votações controversas podem não ser a melhor estratégia dos republicanos, que controlam a Câmara por uma margem estreita de 221 a 212. O racha ficou evidente nas últimas semanas, quando o partido indicou três candidatos para presidente —Steve Scalise, Jim Jordan e Tom Emmer—, sem conseguir garantir os 217 votos necessários para a eleição.

O novo presidente terá que enfrentar o mesmo desafio que derrubou McCarthy e impediu seus possíveis sucessores —a incompatibilidade entre a ala radical republicana e o fato de que, com a maioria democrata no Senado e Biden na Casa Branca, nenhuma lei pode ser aprovada atualmente sem apoio dos dois partidos.

Já está na sua mesa um pedido do presidente para gastar US$ 106 bilhões (R$ 530 bilhões) para ajudar Israel e Ucrânia e fortalecer a fronteira dos EUA. A estratégia de Biden foi juntar pautas que não são unânimes entre os republicanos —embora o partido apoie amplamente o auxílio a Tel Aviv e o aumento da segurança na fronteira, não há consenso quanto à guerra que acontece no Leste Europeu.

O próprio Johnson votou contra dois projetos de lei dos últimos dois anos que pretendiam enviar ajuda a Kiev. "Os contribuintes americanos enviaram mais de US$ 100 bilhões em ajuda à Ucrânia no ano passado", afirmou o político pelo X, antigo Twitter, em fevereiro. "Eles merecem saber se o governo ucraniano está sendo totalmente aberto e transparente sobre a utilização desse enorme montante."

Logo após a vitória, Johnson anunciou que seu primeiro ato como presidente seria apresentar uma resolução em apoio a Israel. "Vamos mostrar não só a Israel, mas ao mundo inteiro, que a barbárie do Hamas" é "miserável e errada", disse ele. "O maior aliado dos EUA no Oriente Médio está sob ataque."

A medida, que seguiu a tradição de apoio dos EUA a Tel Aviv e foi aprovada por 412 votos a 10, condenou o ataque de 7 de outubro do Hamas e instou o grupo terrorista a libertar os mais de 200 reféns que estão na Faixa de Gaza.

Em comunicado, Biden pediu que Johnson agisse rapidamente em relação ao orçamento. "Mesmo que tenhamos divergências reais sobre questões importantes, deve haver um esforço mútuo para encontrar um terreno comum sempre que possível", afirmou o presidente.

Com Reuters, AFP e NYT

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