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Brasileiros presos na Espanha seriam recrutadores do Estado Islâmico, diz Reuters

Irmãos foram detidos em operação com ajuda do FBI e da Polícia Federal por suposto vínculo ao grupo terrorista

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Brasília | Reuters

Os dois irmãos brasileiros presos na segunda-feira (27) na Espanha por suspeita de vínculo com o Estado Islâmico são considerados recrutadores de pessoas no Brasil para o grupo terrorista, segundo um investigador da Polícia Federal com conhecimento do caso.

O investigador, que falou à agência Reuters sob anonimato, afirmou que há suspeitas de que Thaylan Padilha Palomanes e Thaunay Padilha Palomanes tenham ligações com um brasileiro que foi preso no dia 11 de junho no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) quando embarcava para uma viagem ao exterior supostamente com o objetivo de se juntar ao Estado Islâmico.

Brasileiros são detidos pela polícia na Espanha por suspeita de vinculação com o Estado Islâmico
Brasileiros são detidos pela polícia na Espanha por suspeita de vinculação com o Estado Islâmico - Reprodução - 27.nov.23/@guardiacivil no X

Na ocasião, por ordem judicial, a PF também realizou buscas e apreensões em São José dos Campos (SP) e Barbacena (MG), em uma investigação que apurava a conduta de brasileiros que integrariam e promoveriam o grupo terrorista.

"Os irmãos Palomanes são considerados pela PF radicalizadores e recrutadores para o Estado Islâmico", disse o investigador.

Os dois vinham sendo monitorados pela PF há anos, segundo este investigador, que afirma que ambos passaram por um processo de radicalização via redes sociais. A PF monitorou a movimentação dos dois irmãos em solo europeu. O último movimento migratório de Thaunay foi de saída do Brasil em 22 de outubro de 2022, em um voo de Guarulhos para o Porto, em Portugal.

Ele teria morado por um período na Holanda antes de se juntar a seu irmão Thaylan em Estepona, uma cidade costeira de cerca de 70 mil habitantes em Málaga, segundo informações da Guarda Civil espanhola compartilhadas com autoridades policiais brasileiras. Um segundo integrante da PF informou que há pelo menos um ano os dois viviam em Málaga.

O Ministério do Interior da Espanha afirmou em nota sobre a prisão dos irmãos que os dois "estariam imersos num processo de radicalização e utilizaram plataformas de mensagens instantâneas para mostrar apoio ativo à organização terrorista Daesh", sigla do nome do Estado Islâmico em árabe.

"Ambos consumiram e divulgaram material de propaganda multimídia do Daesh por meio dos seus perfis online. Entre esse material estavam atividades terroristas realizadas em diversos locais, manuais de preparo de explosivos e envenenamento, segurança cibernética, além de documentos que justificam a violência de atos suicidas", detalhou o comunicado.

A Guarda Civil espanhola teve a colaboração do FBI para detecção, identificação e prisão dos irmãos —o comunicado menciona que a Polícia Federal brasileira participou da operação.

O governo espanhol também afirma que foram encontrados, com a ajuda da Europol (Agência da União Europeia para Cooperação Policial), vínculos internacionais dos detidos com outras pessoas presas ou investigadas em países europeus por ligação com o Estado Islâmico e com outros grupos extremistas.

No início de novembro, a Polícia Federal, com colaboração do Mossad, a agência de inteligência de Israel, prendeu suspeitos planejarem atentados terroristas contra alvos judeus no Brasil que envolveria recrutados pelo Hezbollah, grupo extremista islâmico xiita que atua no Líbano.

Em 2014, Thaylan Padilha Palomanes e outro irmão, Thauann Padilha Palomanes, tiveram prisão decretada no Brasil em um caso de homicídio no Rio de Janeiro —eles foram absolvidos ao final do processo, de acordo com o investigador da PF ouvido pela Reuters. Thaylan e Thauann foram acusados pela morte do iraniano Millad Mille Hosseini Ballaai em junho de 2014.

Em 2018, Thaylan foi extraditado pela Justiça portuguesa para o Brasil em decorrência do processo aberto pelo homicídio do iraniano. Os dois, entretanto, foram considerados inocentes ao fim do processo judicial, segundo o investigador da PF.

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