Milei diz que renúncia de Massa a ministério da Economia seria 'irresponsável'

Peronista tem de 'assumir controle do desastre que causou', afirma presidente eleito, que hoje deve se reunir com o atual ocupante do cargo, Alberto Fernández

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São Paulo

No dia seguinte à vitória na eleição presidencial da Argentina, o ultraliberal Javier Milei voltou a atacar as políticas econômicas de seu adversário na disputa, o peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia. Mas, segundo o presidente eleito, uma renúncia do governista à pasta, como vem sendo ventilado pela imprensa argentina, seria uma atitude "extremamente irresponsável".

"Ele [Massa] deveria assumir o controle do desastre que causou a nível fiscal e monetário", afirmou Milei nesta segunda (20) à rádio argentina Continental, segundo o jornal La Nación. O libertário disse que o país está mergulhado em uma "situação macroeconômica delicada", consequência em parte de "absurdos" cometidos pelo atual ministro. "Ele deixou a bomba e foi embora."

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, discursa após vencer eleição
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, discursa após vencer eleição - Luis Robayo - 19.nov.23/AFP

De acordo com a imprensa local, Massa deve renunciar ao cargo após reunião entre o vencedor da eleição, Milei, e o atual presidente, Alberto Fernández, que deve ocorrer ainda nesta segunda para iniciar o processo de transição. O presidente eleito assume o cargo no dia 10 de dezembro.

Massa não havia se pronunciado sobre o assunto até a manhã desta segunda. A equipe que participará da transição terá o presidente do Banco Central, Miguel Pesce, e o secretário da Fazenda, Raúl Rigo.

Horas depois, o secretário de política econômica e número dois de Massa no Ministério da Economia, Gabriel Rubinstein, disse que não irá renunciar ao posto. "Dadas as versões que observo que começaram a circular, apenas dois esclarecimentos: 1) não renunciei nem vou renunciar ao cargo de secretário de política econômica, 2) não solicitei licença nem o farei até 10 de dezembro ", escreveu ele na plataforma X.

Alberto Fernández, atual chefe de Massa, se despede do cargo reprovado por oito em cada dez argentinos e levando a fama de presidente ausente. O resultado mostra que o descontentamento da população com a situação do país superou a capitalizada máquina peronista e o medo do extremismo, explorado pela campanha governista com a ajuda de uma equipe de publicitários brasileiros ligados ao PT.

A Argentina enfrenta a terceira grande crise econômica em 40 anos de democracia. A face mais palpável dessa instabilidade é a inflação, que passa dos três dígitos desde fevereiro e faz os preços subirem quase toda semana. O índice acumulado em 12 meses na Argentina alcançou 142,7% em outubro. É o maior número desde 1991.

Em relação ao contato que teve com Fernández após a definição do pleito, Milei disse que recebeu felicitações do atual presidente e que o convidou para um encontro ainda nesta segunda. A reunião teria o objetivo de promover a transição de governo da forma mais tranquila possível. "E assim, minimizar os danos à população devido ao que pode acontecer nos mercados [financeiros]", disse o ultraliberal.

Ao ser questionado se acredita ter obtido o apoio majoritário da sociedade, Milei disse que há um "verdadeiro despertar para as ideias de liberdade e que os argentinos se conscientizaram do valor da liberdade". "Felizmente, a esperança, de cor violeta, venceu o medo", disse, acrescentando ter sido vítima da "campanha mais suja da humanidade".

Milei superou Sergio Massa, atual ministro da Economia, impondo ao peronismo sua quarta derrota em 40 anos de democracia. O ultraliberal conseguiu mais de 11 pontos de diferença em relação ao rival. Ele registrou 55,7% dos votos válidos contra 44,3% de Massa, com quase todas as urnas apuradas.

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