Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

Lula e premiê da Alemanha buscam reforçar laços apesar de diferenças sobre Gaza e Ucrânia

Encontro em Berlim é o primeiro entre os dois países a envolver vários ministros além de chefes de Estado em 8 anos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Berlim | Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou em Berlim neste domingo (3) para a primeira reunião entre o Brasil e Alemanha com participação de vários ministros além dos chefes de Estado em oito anos, em uma tentativa de reforçar os laços entre os dois países.

Lula tem viajado o mundo desde que iniciou seu terceiro mandato presidencial, em janeiro deste ano, visando a restaurar a posição do Brasil no cenário global após o isolamento diplomático dos anos de governo Jair Bolsonaro. Esta também é a primeira visita do petista a um país do G20 desde que o Brasil assumiu a liderança do grupo, em 1º de dezembro

Homem branco idoso de barba usando blazer escuro gesticula, sorrindo, ao lado de homem branco idoso careca
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, antes de jantar em Berlim. : - Ricardo Stuckert/PR

O brasileiro jantou com o colega de esquerda, o primeiro-ministro Olaf Scholz, neste domingo, antes das reuniões bilaterais na segunda-feira (4). O alemão foi, aliás, o primeiro líder estrangeiro a visitar Lula no Brasil, poucas semanas após sua posse, e tem buscado melhorar os laços de seu país com o chamado Sul Global —expressão usada para se referir aos países em desenvolvimento— desde que assumiu o cargo, no final de 2021.

No X (o antigo Twitter), Lula disse que o objetivo da viagem é reforçar a cooperação entre as duas nações nas áreas de "energia, indústria, combate às fake news e transição ecológica". Ele não está sozinho em seu intuito —a Alemanha também considera o Brasil um parceiro-chave em sua tentativa de diversificar o comércio, em parte para reduzir a dependência da China e preencher uma lacuna de mão de obra qualificada.

Ambos os países pressionam pelo avanço do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, ora travado. "Sabe-se que apoiamos e nos esforçamos por esse acordo e queremos que ele seja concluído rapidamente", disse um porta-voz do Ministério da Economia alemão no final da semana passada.

Após duas décadas de negociações, os dois blocos chegaram a um pré-acordo no início de 2019, mas compromissos ambientais adicionais exigidos pela UE levaram o Brasil e a Argentina a buscar novas concessões que prolongaram as negociações.

"Acordos de livre comércio dão acesso a novos mercados de que a economia alemã, especialmente voltada para a exportação, pode se beneficiar", disse Lukas Koehler, um legislador do Partido Democrático Livre (FDP), parceiro na coalizão de Scholz.

As exportações alemãs para o Brasil cresceram apenas 3% nos últimos dez anos, em comparação com 38% e 87% das exportações dos Estados Unidos e da China para o país, respectivamente, de acordo com o Comitê de América Latina da Indústria Alemã.

Já o comércio entre o país sul-americano e o europeu alcançou US$ 19 bilhões (R$ 94 bilhões na cotação atual) em 2022. Entre janeiro e outubro de 2023, somou quase US$ 16 bilhões (R$ 78 bilhões).

Scholz espera evitar um cenário como o de janeiro, quando sua visita a Brasília foi ofuscada por divergências sobre a invasão da Rússia na Ucrânia. Então, o premiê pediu que Lula enviasse munições à Ucrânia, mas o brasileiro recusou.

Desta vez, o momento com maior potencial de mal-estar talvez seja um encontro com a imprensa na segunda-feira (4) à tarde, quando é possível que as divergências dos dois em relação à guerra entre Israel e o Hamas gerem atritos.

No mês passado, Lula afirmou que Israel estava "cometendo vários atos de terrorismo" contra os palestinos "ao não levar em conta que as crianças e as mulheres não estão em guerra". Scholz, por outro lado, vem apoiando o que Israel afirma ser seu "direito à autodefesa" —alguns especialistas questionam o uso do termo por Tel Aviv.

O presidente Lula também se reunirá, na manhã de segunda-feira (4 ), com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e com a presidente do Conselho Federal (Bundesrat), Manuela Schwesig, governadora do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. No final da tarde, Lula, Scholz e ministros da área econômica participam de um fórum empresarial.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.