'Se Trump não estivesse concorrendo, não tenho certeza se eu estaria', diz Biden

Presidente americano fez afirmação durante evento de campanha em Boston nesta quarta

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Washington

O presidente americano, Joe Biden, afirmou nesta terça (5) que talvez não estivesse concorrendo à reeleição caso Donald Trump não fosse candidato. A declaração ocorreu durante um evento de campanha com doadores em Weston, nas proximidades de Boston, em Massachusetts.

"Se Trump não estivesse concorrendo, eu não tenho certeza se eu estaria concorrendo. Mas nós não podemos deixá-lo vencer", afirmou o democrata em um evento na casa do ex-embaixador americano na Espanha, Alan Solomont. O presidente discutia os riscos que seu predecessor no cargo oferece à democracia.

O presidente americano, Joe Biden, durante reunião na Casa Branca na semana passada - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Com a declaração, o presidente deixa claro que sua principal motivação para se candidatar a um segundo mandato é impedir a volta do empresário à Casa Branca.

Aos 81 anos, Biden deve enfrentar uma disputa difícil no próximo ano. Pesquisas de intenção de voto até agora mostram ele ora empatado, ora atrás do ex-presidente. Só nesta terça, ele participa de três eventos com doadores —até segunda, serão sete no total, segundo a CNN.

O maior problema do democrata, na visão do eleitorado, é sua idade, seguida pela situação econômica —embora o mercado de trabalho esteja aquecido e a renda, crescendo, a população, traumatizada pelo alto nível de inflação, avalia negativamente a atual administração.

Muitos democratas têm defendido nos bastidores que o partido tenha ao menos um plano B a Biden. Alguns têm vindo a público, como James Carville, conhecido por sua atuação na campanha de Bill Clinton em 1992. No Brasil, ele também foi consultor de Fernando Henrique Cardoso em 1994.

Para 62% dos democratas, outra pessoa que não Joe Biden deveria ser o candidato do partido na eleição presidencial de 2024.

O eleitorado negro, fundamental para a vitória em 2020, está bem menos entusiasmado com o democrata. A cerca de um ano das eleições, pesquisas alertam para um comparecimento menor às urnas, e até um encolhimento da vantagem do presidente sobre Trump.

Afro-americanos são, historicamente, o grupo que mais apoia o Partido Democrata, e a falta desses votos pode fazer a diferença.

Em outubro, após meses de ameaças e recuos, o deputado Dean Phillips lançou oficialmente sua candidatura à vaga do partido na disputa pela Presidência no próximo ano, desafiando Biden. A decisão ecoa a preocupação de muitos democratas: a de que o atual presidente, aos 80 anos, não será capaz de vencer Donald Trump em razão da sua idade.

Para 59% dos americanos, a capacidade mental e física do democrata exercer um segundo mandato é uma grande preocupação, segundo levantamento da NBC divulgado no domingo. Outra pesquisa, essa da Associated Press-Norc, mostra que 77% da população o vê como velho demais para ser eficiente por mais quatro anos.

A campanha democrata chegou a montar uma estratégia para evitar que Biden tropece em público, como ocorreu em junho em uma imagem que correu o mundo como símbolo de um presidente frágil. Desde então, ele vem usando tênis esportivos e as escadas mais curtas do avião Air Force One, segundo o portal Axios.

Também nesta terça, Biden falou sobre o apoio americano a Israel. Ele ressaltou que é preciso pensar o que precisa ser feito com Gaza —desde a eclosão da guerra, opções aventadas são o controle ficar nas mãos de Tel Aviv ou de uma missão internacional.

"Eu acho que a única solução viável é uma solução de dois Estados", afirmou Biden.

O presidente americano disse que vai continuar trabalhando pela libertação dos reféns e para convencer os israelenses de que é necessário permitir a entrada de "significativamente mais" ajuda humanitária em Gaza.

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