Trump muda de estratégia e diz que não vai comparecer a julgamento por fraude

Republicano alega não ter nada a dizer e que caso movido pela Procuradoria-Geral de Nova York é 'interferência eleitoral'

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Washington | Reuters

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse neste domingo (10) que não vai voltar ao banco das testemunhas nesta segunda-feira (11) para se defender da acusação de que sua empresa inflou o valor de propriedades para obter financiamentos melhores.

O julgamento por fraude civil, que começou em outubro, é um dos vários desafios legais que o empresário enfrenta enquanto busca uma nova candidatura à Casa Branca. O anúncio da ausência no tribunal de Manhattanan responsável pelo caso representa uma mudança de estratégia de defesa.

O ex-presidente Donald Trump testemunha na Suprema Corte de Nova York por caso que o acusa de fraude civil - Mike Segar - 7.dez.2023/AFP

"Não tenho mais nada a dizer além de que isso é uma interferência eleitoral completa e total", escreveu, em letras maiúsculas, o principal candidato do Partido Republicano em uma publicação na sua plataforma, a Truth Social.

Em sua primeira aparição, em novembro, Trump evitou respostas diretas e passou a maior parte do tempo reclamando do que considera um tratamento injusto por parte do tribunal. Agora, a expectativa é de que o professor de contabilidade na Universidade de Nova York Eli Bartov conclua o caso da defesa e seja seguido por outras testemunhas convocadas pela Procuradoria-Geral do estado.

O juiz responsável pelo julgamento, Arthur Engoron, já decidiu que Trump e seus filhos Donald Jr. e Eric manipularam demonstrações financeiras para enganar bancos e seguradoras com o objetivo de obter melhores condições de empréstimo e seguro.

Segundo Engoron, o ex-presidente dos EUA e diretores de sua companhia mentiram de forma reiterada sobre relatórios financeiros e valores de ativos para conseguir empréstimos com taxas melhores e seguros mais baratos, estratégias que teriam violado a legislação.

Entre os valores inflados estariam o resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, sua cobertura na Trump Tower, em Manhattan, e diversos outros edifícios e campos de golfe de propriedade do republicano —seu patrimônio líquido teria sido exagerado em até US$ 2,2 bilhões em algumas das declarações.

A decisão do juiz, em setembro, limitou o escopo do julgamento porque, na prática, adiantou que o núcleo dos argumentos da Procuradora-Geral é válido e que o tribunal se ocuparia basicamente do valor a ser pago por danos.

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, pede US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) em indenizações e uma proibição permanente para Trump e seus filhos de administrarem negócios em Nova York.

O ex-presidente nega conduta ilícita e acusa James, do Partido Democrata, de perseguição política. Seus advogados afirmam que os bancos que emprestaram dinheiro a Trump dificilmente foram vítimas, já que teriam obtido lucro.

Trump enfrenta quatro acusações criminais federais e estaduais no total, incluindo duas decorrentes de suas tentativas de reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020. Ele se declarou inocente em todos esses casos.

Nenhum deles, no entanto, parece abalar sua liderança entre as opções do Partido Republicano para desafiar o atual presidente americano, o democrata Joe Biden, nas eleições de novembro de 2024.

Os julgamentos tampouco têm efeitos graves na sua popularidade entre a população —uma pesquisa de intenção de voto divulgada no sábado (9) mostrou que Trump ultrapassou Biden pela primeira vez. O levantamento feito pelo Wall Street Journal mostra o republicano com 37% das intenções de voto, seis pontos à frente do democrata, com 31%. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.

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