Vaticano condena cardeal próximo de Francisco a 5 anos de prisão por fraude

Angelo Becciu se tornou a maior autoridade da Igreja Católica a ser julgada por tribunal do Vaticano

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São Paulo

O Tribunal Penal do Vaticano condenou neste sábado (16), em primeira instância, o cardeal italiano Angelo Becciu, 75, por fraude. Ex-assessor próximo do papa Francisco, Becciu foi sentenciado a cinco anos e meio de prisão.

Além dele, outras nove pessoas foram acusadas de crimes envolvendo fraudes, abuso de poder, corrupção, desvio de fundos, extorsão e lavagem de dinheiro.

O cardeal Angelo Becciu em Roma, na Itália
O cardeal Angelo Becciu em Roma, na Itália - Guglielmo Mangiapane - 25.set.2020/Reuters

Becciu é a maior autoridade da Igreja Católica a ser julgada por um tribunal criminal do Vaticano. Segundo a agência de notícias AFP, o cardeal também foi multado em € 8.000 (R$ 42,9 mil na cotação atual).

Ex-número dois da Secretaria de Estado, principal órgão do governo central da Santa Sé, Becciu manteve seu título, mas foi destituído de todas as suas funções em setembro de 2020. Nascido na Sardenha, o cardeal sempre alegou inocência e afirma que "nunca roubou um centavo".

No centro do caso está a compra de um edifício de luxo em Londres por € 350 milhões (R$ 810 milhões), entre 2014 e 2018.

Os magistrados consideraram Becciu culpado por ter ordenado pagamentos que totalizaram US$ 200,5 milhões entre 2013 e 2014, oriundos dos fundos da Secretaria de Estado, para um fundo de investimento "altamente especulativo", liderado por Raffaele Mincione —financista que também foi condenado a cinco anos e meio de prisão e multa de € 8.000.

Além disso, o cardeal foi considerado culpado por pagar € 125 mil a uma cooperativa administrada por seu irmão, além de outros € 570 mil a um intermediário pela libertação de uma freira refém na África. O dinheiro nunca foi usado para esse objetivo.

Das dez pessoas processadas, uma foi absolvida. Outras duas pagarão multas e outra recebeu pena de prisão de um ano e meio.

O tribunal ordenou ainda o confisco de bens no valor de € 166 milhões (R$ 894,8 milhões) dos condenados, bem como o pagamento de € 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em indenizações às partes civis e quatro instituições do Vaticano.

A pena mais dura, de sete anos e meio de prisão e multa de € 10 mil (R$ 53,9 mil), foi para Fabrizio Tirabassi, um ex-funcionário da Secretaria de Estado acusado de receber comissões.

O caso, emblemático, mostra a extensão das reformas internas promovidas pelo papa Francisco. Desde sua eleição em 2013, o pontífice argentino alterou o sistema judicial para que bispos e cardeais possam ser julgados em tribunais laicos, e não apenas em instâncias religiosas.

Com AFP e Reuters

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