Descrição de chapéu União Europeia

Macron anuncia 'traje único' em escolas após polêmica com veste islâmica

Solução ajudaria a resolver problemas ligados à laicidade e a 'roupas excêntricas', segundo presidente

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Madri

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça (16) que iniciará neste ano testes para a implementação de um traje único para alunos de todas as escolas públicas da nação. Se o experimento for bem-sucedido, ele se tornará obrigatório em 2026.

"O traje único —que tanto debate tem suscitado no nosso país nos últimos meses, e que apaga as desigualdades entre as famílias ao mesmo tempo em que cria condições de respeito mútuo—, será testado este ano em cerca de uma centena de estabelecimentos, todos voluntários", disse o presidente em pronunciamento televisionado.

O presidente francês Emmanuel Macron durante entrevista na noite desta terça (16) - Ludovic Marin/AFP

Este foi o primeiro discurso do tipo desde que Macron promoveu uma remodelação de seu gabinete, na semana passada. A ocasião envolveu um discurso inicial de cerca de meia hora e uma sessão de perguntas e respostas com jornalistas.

Em setembro, ele já havia falado sobre a ideia do traje único ao lado do atual primeiro-ministro, Gabriel Attal —à época ministro da Educação. A primeira medida de Attal à frente da pasta tinha sido, aliás, proibir das escolas públicas a túnica muçulmana abaya, que cobre quase todo o corpo, com exceção do rosto e das mãos. A medida lhe trouxe grande popularidade, inclusive entre eleitores conservadores, e gerou uma série de debates no país.

Para Macron, o traje único ajudaria a resolver problemas ligados à laicidade e ao que chamou de roupas excêntricas. A escola deve ser "um espaço onde haja o mínimo de diferenças possível", afirmou ele.

Nas escolas em questão, cada aluno receberá um kit composto por cinco camisas pólo, dois suéteres e duas calças. O custo disso fica em torno de € 200 (R$ 1.070), mas, pelo menos nesta fase, as famílias não terão que pagar nada.

Além da roupa escolar, Macron anunciou uma série de medidas para os quatro anos que restam de seu segundo mandato. Entre elas, estão a substituição do modelo atual de licenças paternidade e maternidade —nas palavras do líder, "extremamente curto e mal remunerado"— por outro de de seis meses para ambos os genitores; um plano para aumentar os índices de natalidade da França, que em 2023 registrou sua menor taxa de nascimentos desde 1946; a regulação de horas passadas diante das telas para crianças; e a implementação de dez operações policiais contra drogas por semana.

O movimento, que vem acompanhado das mudanças que promoveu em seu gabinete, sinaliza o desejo do líder de tentar superar a crise causada pela aprovação de algumas leis profundamente impopulares no ano passado, como a reforma da Previdência e a dura lei de imigração —e quem sabe refrear sua baixa popularidade em um momento em que apenas 26% dos franceses se dizem satisfeitos com sua gestão.

A primeira pergunta feita por jornalistas no evento desta terça foi a respeito da queda do poder de compra dos franceses. "Faremos de tudo para recuperar o controle dos nossos preços. Precisamos de um preço justo para os nossos agricultores, e ficaremos muito longe da inflação do ano anterior", prometeu o presidente.

Ele acrescentou que pretende reduzir em € 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) a arrecadação do governo proveniente de impostos em 2025.

"Estamos entrando num período de normalização [dos preços], e parte do valor da energia é utilizada para financiar os nossos programas de energia nuclear e renovável. Recuperamos o controle e o governo produzirá um texto que permitirá que deixemos para trás a volatilidade que experimentamos durante a crise ligada à Guerra da Ucrânia."

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