Descrição de chapéu China

Por que China acompanha a eleição de Taiwan com ansiedade

Edição da newsletter "China, terra do meio" explica o pleito marcado para sábado (13)

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Igor Patrick
Washington

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Cerca de 20 milhões de taiwaneses vão às urnas no próximo sábado (13) para escolher quem substituirá Tsai Ing-wen na Presidência da ilha.

Na pauta, mais do que a escolha de um dirigente, está uma pergunta crucial: qual deve ser o relacionamento do território autogovernado com a China continental?

O favorito até o momento é Lai Ching-te, também conhecido como William Lai, atual vice-presidente e membro do Partido Democrático Progressista (DPP). Ele é conhecido por uma defesa aberta da soberania, identidade e sistema de governo taiwaneses, o que irrita Pequim.

  • Lai não fala em "independência", algo que desencadearia uma reação militar chinesa, mas ao longo da campanha deu declarações ambíguas sobre o tema e reforçou laços com com políticos dos Estados Unidos e da Europa;
  • Sua vice, Hsiao Bi-khim, serviu como a representante de Taiwan em Washington, nasceu no Japão e é filha de pai taiwanês e mãe americana.

O principal rival de Lai, Hou Yu-ih, vem do Kuomintang, legenda que fundou o sistema governamental taiwanês e que governava a China continental antes de perder a guerra civil em 1949.

  • Hou adota uma linha mais amigável em relação a Pequim e defende que o aumento no intercâmbio diplomático e comercial com os chineses continentais ajuda a garantir a paz e o status quo da ilha.

Pequim acompanha o pleito com ansiedade. No tradicional discurso televisionado de ano novo, o líder Xi Jinping afirmou que a reunificação da China continental com Taiwan é "inevitável". Nos últimos dias, o governo taiwanês acusou Pequim de enviar balões espiões para a ilha.

Por que importa: a vitória de Lai Ching-te abriria um novo capítulo na relação entre Taiwan e China. Até 2017, o candidato gostava de se autodenominar um "trabalhador pragmático pela independência da ilha". Embora ele evite tocar no assunto agora, a memória dos oficiais comunistas chineses não é curta.


Pare para ver

'Diversão', tela do pintor taiwanês Hung Tung
'Diversão', tela do pintor taiwanês Hung Tung - Reprodução

Sobre o autor: nascido em uma vila de pescadores e órfão desde a infância, Hung Tung foi médium, biscate e só começou a pintar aos 50 anos, quando se tornou um dos mais importantes artistas modernos da ilha. Ficou conhecido por fundar o estilo "nativista" taiwanês, que mescla elementos folclóricos com cores vívidas e referências aos povos nativos. Analfabeto e autodidata, Hung morreu em 1987. Leia mais sobre ele aqui (em inglês)


O que também importa

O Ministério de Segurança de Estado da China anunciou que prendeu uma pessoa acusada de trabalhar como espiã do MI6, a agência de inteligência do Reino Unido. O acusado foi identificando apenas pelo sobrenome Huang. Segundo o ministério, o indivíduo viajava frequentemente à China para coletar inteligência e identificar alvos em potencial. Ele conseguiu transmitir cerca de 17 "segredos nacionais" ao governo britânico, segundo os chineses. Londres ainda não comentou as acusações.

Mais de um milhão e meio de carros elétricos da Tesla vão passar por um recall na China. A Administração Estatal de Regulação do Mercado apontou problemas no sistema de aceleração e fechamento de portas dos veículos da marca. A falha foi inicialmente identificada em maio, e investigações posteriores apontaram para um erro de software que também comprometia a função de direção assistida (quando o carro basicamente anda sozinho). A Tesla informou que vai lançar uma atualização de software para corrigir as falhas.

A China anunciou que vai sancionar cinco fabricantes de armas americanos. A informação foi divulgada por porta-voz do Ministério das Relações Exteriores no domingo. Os ativos das empresas BAE Systems Land and Armaments, Alliant Techsystems Operations, AeroVironment, Viasat e Data Link Solutions serão congelados. Indivíduos ou organizações na China estão proibidos de negociar com elas.


Fique de olho

Advogados do ex-editor do jornal Apple Daily e ativista pró-democracia em Hong Kong, Jimmy Lai, anunciaram que vão recorrer à ONU para denunciar a suposta tortura e intimidação de testemunhas ligadas ao julgamento do magnata, iniciado na semana passada.

Lai é um dos principais críticos da influência chinesa sobre Hong Kong. Ele foi preso em 2021 sob acusações de violação à Lei de Segurança Nacional. Pequim diz que o empresário conspirou com forças estrangeiras para promover a sedição da cidade.

  • "O apelo expressa graves preocupações sobre o tratamento de uma testemunha-chave da acusação no julgamento em curso de Jimmy Lai, Andy Li (Li Yu-Hin)", disse a equipe jurídica de Lai à agência de notícias Reuters.
  • "Temos evidências credíveis de que Andy Li foi torturado enquanto estava preso na China antes de confessar ter supostamente trabalhado com Jimmy Lai", acrescentou o comunicado.

Um porta-voz do poder executivo em Hong Kong afirmou que "condena veementemente e se opõe" à iniciativa dos advogados, acusando-os de "abusar dos mecanismos das Nações Unidas para interferir nos processos judiciais".

Por que importa: o julgamento de Jimmy Lai é o mais aguardado desde a implementação da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong.

  • EUA, União Europeia e Austrália têm feito repetidos apelos pela libertação do magnata, chamando o julgamento de perseguição política;
  • A probabilidade maior, porém, é que a China faça dele um exemplo, aplicando fortes penalidades pelas acusações de conluio.

A condenação do magnata é praticamente certa. Sua pena pode chegar à prisão perpétua.

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