Biden informa Congresso sobre nova ameaça nuclear de Putin

Revelação ocorre em meio a pressão da Casa Branca pela aprovação de apoio à Ucrânia

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São Paulo

O governo de Joe Biden informou o Congresso americano e seus aliados europeus acerca de uma nova capacidade nuclear da Rússia de Vladimir Putin que pode se tornar uma ameaça à segurança mundial.

A informação foi vazada para alguns órgãos de imprensa americanos, cada qual com um grau de detalhe, em meio ao movimento do presidente democrata para forçar a Câmara dos Representantes, dominada pelos rivais republicanos que querem ver Donald Trump em sua cadeira no ano que vem, a aprovar um pacote de apoio à Ucrânia de R$ 300 bilhões.

Homem branco de terno aponta para repórteres na plateia
O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, fala a repórteres em Washington - Kevin Lamarque/Reuters

Segundo o jornal The New York Times, a nova capacidade é "séria, mas ainda está em desenvolvimento", não estando operacional. Já a rede de TV ABC afirmou que se tratava de uma arma nuclear para ser usada contra satélites no espaço, mas que não estava em órbita.

Tudo isso é especulativo a essa altura. Há anos é sabido que russos, assim como chineses e americanos, trabalham em novas armas para uso no espaço, ainda que isso seja proibido por um tratado de 1967.

Na sexta passada (9), para alimentar as teorias conspiratórias, a Rússia informou que uma versão mais leve do tradicional foguete Soiuz levou ao espaço uma "carga secreta comissionada pelo Ministério da Defesa". Segundo alguns analistas militares russos, tratava-se apenas de um satélite espião.

Seja qual for a acusação de Biden, ela se encaixa em sua tentativa de ver a ajuda militar aos ucranianos aprovada. Ela passou pelo Senado nesta semana, mas agora precisa ser votada pela Câmara, que tem maioria republicana e cujo presidente, Mike Johnson, disse não ter pressa em colocá-la em análise.

"Cada dia faz aumentar o preço da inação dos EUA. Eu acho que o presidente [da Câmara] não entende o seu trabalho. Coloque a lei para votação", afirmou o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, durante entrevista coletiva na Casa Branca nesta quarta (14). Ele repetiu o relato feito por Kiev de que há racionamento de munição nas linhas de frente.

O conselheiro estava em pleno choque com a Câmara. Mais cedo, o presidente do Comitê de Inteligência da Casa, o republicano Mike Turner, havia divulgado que o o governo havia informado o órgão que ele dirige acerca da ameaça e que pedia para que Biden o tornasse público.

Sullivan disse que não poderia fazer isso, por se tratar de informação secreta cuja divulgação colocaria em risco a sua fonte. Ficou combinado, a contragosto, um encontro entre o ele e a chamada "gangue dos oito", formada por líderes democratas e republicanos nas duas Casas, além dos chefes dos comitês de inteligência delas.

A reunião ocorrerá nesta quinta (15), mas a crise levou aos vazamentos acerca da natureza do alerta. Os "spin doctors", influenciadores da opinião da Casa Branca, logo fizeram circular a versão de que o governo Biden ficou furioso com Turner.

Pode ser, mas não é impossível que a contrariedade de Sullivan seja de fachada, dado que ao ir a público o tema foi também para o centro do noticiário, colocando mais pressão sobre a recusa republicana de ajudar a guerra contra a invasão de Vladimir Putin.

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