Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Ucrânia diz ter afundado mais um navio de Putin; veja vídeo

Ataque ocorreu na costa da Crimeia em meio a campanha de Kiev por mais ajuda militar

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São Paulo

A Ucrânia afirmou ter afundado nesta quarta (14) mais um navio da Frota do Mar Negro da Rússia, o principal calcanhar de aquiles militar das forças de Vladimir Putin na guerra iniciada pelo Kremlin há quase dois anos.

Vídeos divulgados pelo GUR, o serviço de inteligência militar ucraniano, mostraram a ação contra o navio de assalto anfíbio e transporte Tsezar Kunikov perto de Alupka, na costa sul da Crimeia, península anexada pelos russos em 2014.

Grande navio russo cinza navega com uma ponte ao fundo, no estreito de Bósforo, na Turquia
O navio de desembarque russo Tsezar Kunikov passa pelo estreito de Bósforo, na Turquia, em 2020 - Yoruk Isik - 4.mar.2020/Reuters

Tanto o órgão quanto o Estado-Maior ucraniano afirmaram que a ação foi bem-sucedida. "As Forças Armadas da Ucrânia, junto com a unidade de inteligência do Ministério da Defesa, destruíram o Tsezar Kunikov", afirmaram os militares no Telegram.

Os vídeos sugerem um ataque múltiplo com botes-robôs do tipo Magura V5, os mais eficazes em uso pela Ucrânia. É possível distinguir o navio claramente e uma grande explosão, mas não se sabe o destino da embarcação. Fotografias feitas da costa mais tarde apontavam uma grande coluna de fumaça, mas não o afundamento.

O Kremlin não comentou o caso, o que indica que a ação ocorreu como Kiev disse. Ela reforça o caráter assimétrico da guerra neste momento e volta a expor a principal vulnerabilidade russa no conflito: a incapacidade de defender sua frota no mar Negro. Kiev estima ter afundado ou incapacitado 20% da frota russa na região.

A pequena Marinha ucraniana foi dizimada na guerra, o que na teoria daria controle total das águas para os russos. Houve uma reação mais vistosa com o afundamento da nau-capitânia russa na região, a Moskva, no início do conflito. Mas foi a partir do ano passado, contudo, que ataques com drones aquáticos e mísseis de cruzeiro dados pela França e Reino Unido mudaram o cenário.

De lá para cá, Moscou viu destruídos ou danificados navios no mar e em portos, e até um submarino em reparos numa doca de Sebastopol (Crimeia) acabou destruído. O mais recente ataque havia ocorrido no dia 1º de fevereiro, quando um enxame de drones Magura V5 atingiu a corveta Ivanovets, que ficou bastante danificada.

Tais ataques têm valor militar, já que o Tsezar Kunikov era usado para levar equipamentos e tropas da Rússia para as áreas ocupadas da Ucrânia, mas principalmente simbólico. Essas ações, assim como incursões de drones contra alvos dentro do território russo, não mudam a rota da guerra, mas mostram capacidade de reação de Kiev em um momento crítico.

A Rússia parece perto, segundo sites de análise militar, de conquistar Avdiivka, cidade estratégica de Donetsk, no leste. Se isso ocorrer, um corredor para a conquista dos talvez 45% da região que ainda estão nas mãos ucranianas pode se abrir —bem a tempo da eleição presidencial russa, que ocorre daqui a um mês.

Além disso, as ações mais espetaculares servem de propaganda para a campanha do presidente Volodimir Zelenski para angariar apoio militar no Ocidente, que vem diminuindo. O Senado americano enfim aprovou o pacote que dá R$ 300 bilhões a Kiev, mas dificilmente a medida passará ilesa, se é que passará, na Câmara dominada pelos republicanos de Donald Trump.

A Ucrânia tem gasto o que pode, mas seus recursos são limitados. Segundo divulgou na terça (13) o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, Kiev aumentou em nove vezes seu orçamento militar próprio, para US$ 31,1 bilhões, mas isso é menos de 10% do que recebeu em apoio desde o começo da guerra.

Enquanto isso, o Kremlin negou nesta terça (13) que Putin tenha feito uma oferta de negociação de paz sobre a guerra diretamente com os EUA, conforme a agência Reuters havia dito na véspera. Boatos do gênero têm se tornado comuns, baseados no controle russo de 20% da Ucrânia e no fato de a contraofensiva ter falhado, levando Kiev a se entrincheirar.

Uma sinalização clara de conversa foi dada pelo presidente russo ao conceder entrevista para o apresentador conservador Tucker Carlson, na semana passada. Desconsiderando a Ucrânia na equação, Putin deixou clara a disposição de conversar sobre a guerra com quem considera o patrono de Kiev, no caso os EUA.

Zelenski, que trocou o comandante de suas Forças Armadas em meio a esse clima, por óbvio não quer ouvir falar de paz com perda de territórios, algo que virou lugar-comum nas conversas diplomáticas e políticas do Ocidente. Daí também o incentivo a ações como a desta quarta.

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