Vulcão na Islândia entra em erupção e interrompe aquecimento de casas

Autoridades emitiram alerta de emergência; temperatura na região está abaixo de zero

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Islândia | Reuters

Um vulcão no sudoeste da Islândia entrou em erupção nesta quinta-feira (8) pela terceira vez desde dezembro, lançando jatos de lava de até 80 metros no ar e desencadeando um alerta de emergência, já que milhares de residências perderam o aquecimento no meio do inverno.

Uma rocha derretida de cor laranja brilhante jorrou de rachaduras no solo na península de Reykjanes, e a lava atravessou uma estrada perto da Lagoa Azul, um spa geotérmico de luxo, que teve de fechar devido à erupção.

Vulcão na península de Reykjanes, na Islândia, entra em erupção
Vulcão na península de Reykjanes, na Islândia, entra em erupção - Governo da Islândia/AFP

A intensidade da atividade vulcânica diminuiu na tarde desta quinta, segundo o Escritório Meteorológico Islandês, responsável pelo monitoramento de vulcões. Ainda assim, o fluxo de lava atingiu tubulações de água na região logo ao sul da capital, Reykjavík, interrompendo o fornecimento de água aquecida geotermicamente, usada para esquentar as casas. Isso levou a Agência de Proteção Civil a elevar seu nível de alerta para o status de emergência.

O aeroporto de Keflavik, em Reykjavík, também perdeu o acesso à água quente, mas informou que, de outra forma, manteve as operações como de costume. A temperatura na área era de -7ºC e estava prevista para cair para -10 Cº à noite.

Rikke Pedersen, chefe do grupo de pesquisa do Centro Vulcanológico Nórdico com sede em Reykjavík, disse que mais de 20 mil pessoas perderam o acesso à água quente. A Agência de Proteção Civil pediu às pessoas na área afetada que usem apenas um pequeno aquecedor elétrico por residência para evitar quedas de energia.

Restaurar a água quente por meio de um oleoduto de emergência que já estava em construção pode levar dias, disse ela.

Erupções vulcânicas na península de Reykjanes são chamadas de erupções fissurais, que normalmente não causam grandes explosões ou dispersão significativa de cinzas na estratosfera. No entanto, os cientistas temem que elas possam continuar por anos, e as autoridades islandesas começaram a construir diques para desviar o fluxo de lava ardente para longe de casas e infraestrutura crítica.

O fluxo de lava também chegou a 1 km da usina geotérmica de Svartsengi na península, disse Pedersen. Enquanto a lava fluía, os trabalhadores tentavam preencher as lacunas nos diques de proteção construídos ao longo da estrada. "Eles estão realmente fazendo tudo o que podem para evitar que a lava alcance a usina", afirmou ela.

A última fissura eruptiva, o sexto episódio desde 2021, tinha cerca de 3 km de comprimento, disse o escritório meteorológico da Islândia.

A atividade sísmica intensa começou por volta das 5h30 e a erupção em si, 30 minutos depois. Uma coluna de fumaça subiu 3 km no ar, de acordo com o Escritório Meteorológico.

As autoridades de Reykjanesbaer, o quinto maior município da Islândia, disseram que fechariam todas as creches e escolas na sexta-feira.

A erupção anterior na área começou em 14 de janeiro e durou cerca de dois dias, com fluxos de lava chegando aos arredores da cidade pesqueira de Grindavik, cujos quase 4.000 habitantes foram retirados e onde algumas casas foram incendiadas.

A erupção desta quinta-feira ocorreu a alguma distância de Grindavik e não representava uma ameaça direta para a cidade, disse o geofísico islandês Ari Trausti Gudmundsson à agência Reuters.

O presidente da Islândia, Gudni Johannesson, postou uma imagem de chamas e fumaça ao longe nas redes sociais, dizendo que essa era a vista de sua residência. "Como antes, nossos pensamentos estão com as pessoas de Grindavik, que não podem residir em sua bela cidade. Isso também passará", escreveu Johannesson.

Apesar de reduzir o nível de ameaça do sistema vulcânico, as autoridades alertaram para novas erupções, já que a terra continuava a subir na área devido à acumulação de magma no subsolo.

A península de Reykjanes sozinha possui seis sistemas vulcânicos ativos e pode ter erupções intermitentes por décadas ou até mesmo séculos, disse Gudmundsson.

Outras partes do país têm vulcões mais poderosos. Em 2010, nuvens de cinzas de erupções em Eyjafjallajokull, no sul da Islândia, espalharam-se por grande parte da Europa, cancelando cerca de 100 mil voos e forçando centenas de islandeses a deixar suas casas.

Mas, ao contrário do Eyjafjallajokull, os sistemas vulcânicos de Reykjanes não estão presos sob geleiras e, portanto, não se espera que causem nuvens de cinzas de tamanho semelhante.

A Islândia, que tem aproximadamente o tamanho do estado de Pernambuco, possui mais de 30 vulcões ativos o que a torna um destino privilegiado para o turismo vulcânico —um segmento de nicho que atrai milhares de aventureiros.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.