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Portugal tem empate e ultradireita forte em eleição de março, dizem pesquisas

Centro-direita e socialistas alternam na ponta enquanto sigla Chega, anti-imigração, pode se tornar 3ª força do Parlamento

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Lisboa

O cenário de indefinição para as próximas eleições em Portugal foi reforçado por duas novas pesquisas eleitorais, que mostram empate técnico entre as principais forças políticas do país. Ambos os levantamentos, contudo, mostram o crescimento expressivo do partido de ultradireita Chega na terceira colocação.

Na sondagem realizada pela Universidade Católica para o jornal Público e para a RTP, a coligação que inclui o maior partido da oposição, o PSD (centro-direita) aparece numericamente na liderança.

A AD (Aliança Democrática), que inclui também o CDS-PP e Partido Popular Monárquico, tem 32% das intenções de voto. O Partido Socialista vem logo atrás, com 28%. A margem de erro é de 2,8%, deixando o resultado em empate técnico.

André Ventura, presidente do partido de ultradireita Chega, com apoiadores em Portugal
André Ventura, presidente do partido de ultradireita Chega, com apoiadores em Portugal - Miguel Riopa - 14.jan.2024/AFP

Na projeção feita pelo Iscte (Instituto Universitário de Lisboa) para o jornal Expresso e a emissora SIC, a liderança é dos socialistas, com 29%. A Aliança Democrática aparece com 27%. Com margem de erro de 3,5%, esse levantamento também mostra um empate técnico.

Apesar da indefinição quanto ao provável vencedor das eleições antecipadas de 10 de março, convocadas após a renúncia do atual premiê em meio a uma investigação de corrupção no centro do governo, as pesquisas mostram que o primeiro colocado dificilmente terá condições para governar sozinho.

No sistema luso, os eleitores não votam diretamente nos políticos, mas sim nos partidos, que definem previamente suas listas de candidatos. Não é obrigatório que o primeiro-ministro seja da legenda vencedora nas urnas, e arranjos pós-eleitorais podem assegurar outras opções de governabilidade.

Por isso, a composição total dos deputados da Assembleia da República é um fator decisivo para a formação do governo.

As possibilidades de entendimentos pós-eleitorais para viabilizar um governo, seja à direita ou à esquerda, vão ficando cada vez mais restritas à medida que a legenda de ultradireita Chega cresce e outros partidos vão desidratando nas pesquisas.

Com um forte discurso anti-sistema e propostas polêmicas, como a castração química de pedófilos, o partido Chega passou de 1 deputado, em 2019, para 12 na atual legislatura. As pesquisas mostram que o número de eleitos pode dobrar.

O partido aparece com 19% das intenções de voto na sondagem da Universidade Católica e com 21% na do Iscte, antecipando uma bancada parlamentar robusta.

Enquanto os dois primeiros colocados oscilaram dentro da margem de erro nas pesquisas, o Chega aparece com crescimento consistente.

Presidente da legenda, o deputado André Ventura tem investido em críticas à corrupção, no combate à suposta "ideologia de gênero" e no discurso anti-imigração.

"Nós temos de regular alguma imigração em Portugal. Nós não podemos deixar entrar todos de qualquer maneira e de qualquer forma, porque isso pressionará ainda mais a saúde e a habitação e fará com que todos fiquemos mais pobres em vez de mais ricos", afirmou, em janeiro.

Ele também defende a reversão de mudanças na lei da nacionalidade que facilitaram a obtenção da cidadania lusa. Atualmente, bebês nascidos em Portugal que sejam filhos de estrangeiros com pelo menos um ano de residência, mesmo irregulares, são cidadãos portugueses.

O presidente do Partido Social Democrata, Luís Montenegro, afirmou que só será primeiro-ministro se for o vencedor nas urnas. Ele também descarta fazer uma coalizão pós-eleitoral com o Chega.

Se as projeções eleitorais se confirmarem, em um cenário de governo sem a participação da ultradireita, ele precisaria contar, pelo menos, com a abstenção dos socialistas.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, porém, já declarou publicamente ser contrário a uma aliança com a centro-direita.

Ex-ministro das Infraestruturas de António Costa, Santos tem visto seus adversários usarem os escândalos de corrupção no governo como uma das principais estratégias para desgastá-lo.

Costa pediu demissão em 7 de novembro, horas após o início da operação Influencer, que investiga corrupção no setor de energia verde e atingiu ministros e secretários de estado, além do chefe de gabinete e de um amigo pessoal do primeiro-ministro.

Ao divulgar a ação, a Procuradoria-Geral da República informou que o próprio premiê também seria alvo de uma investigação independente no Superior Tribunal de Justiça.

Para conquistar o contingente de indecisos, as siglas apostam agora na maratona de debates, que começou na segunda-feira (5) e vai até 26 de fevereiro. Serão 30 debates televisivos.

Portugal tem a tradição de realizar vários pequenos confrontos, de 30 minutos cada, com a participação de apenas dois candidatos. Na reta final, há um debate com todos os postulantes ao cargo de premiê.

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