Premiê da Espanha encontra Tarcísio e visita obra do metrô em São Paulo

Governador recebeu Pedro Sánchez, que também encontrou empresários em viagem ao Brasil com agenda econômica

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São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recebeu nesta quinta-feira (7) o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que visita o Brasil com uma agenda econômica. Eles foram a uma obra da linha 6-laranja do metrô, na zona norte da capital paulista, cuja empresa responsável pela construção e operação é a espanhola Acciona.

Tarcísio e Sánchez ficaram cerca de dez minutos no túnel da obra. "Foi uma oportunidade importante de reafirmar os nossos laços com a Espanha. As empresas espanholas mais importantes estão presentes no Brasil, têm sede aqui em São Paulo, e independentemente do ciclo econômico, dos momentos bons e ruins, elas sempre estiveram no Brasil, nunca nos abandonaram", disse o governador após o encontro.

Pedro Sánchez (à esq.) e Tarcísio de Freitas durante visita a obra do metrô em São Paulo
Pedro Sánchez (à esq.) e Tarcísio de Freitas durante visita a obra do metrô em São Paulo - Carla Carniel/Reuters

A previsão do governo de São Paulo é que oito estações da linha 6-laranja do metrô estejam em funcionamento no mês de setembro de 2026, conectando a região da Brasilândia (zona norte) à da Pompeia (zona oeste). Depois, em 2027, outras sete estações devem ser inauguradas. O custo estimado das obras é de R$ 18 bilhões.

Mais cedo, Sánchez participou de um encontro com empresários na zona sul de São Paulo. O premiê defendeu uma aliança entre Brasil e Espanha para a viabilização do acordo comercial entre os países do Mercosul e da União Europeia, que está parado devido a divergências relacionadas ao protecionismo europeu na área agrícola.

Segundo Sánchez, Brasil e Espanha estão em "harmonia" devido aos compromissos de ambos os países com o crescimento sustentável. Ao defender investimentos em projetos de energia limpa, ele mencionou os esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para diminuir os índices de desmatamento.

O primeiro ano do terceiro mandato de Lula foi marcado pela queda expressiva do desmatamento na amazônia, enquanto os números tiveram crescimento recorde no cerrado. Dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgados em janeiro mostram que em 2023 foi perdida uma área de 5.151,6 km² na floresta amazônica, uma redução de 50% na comparação com os índices do ano passado. Já no cerrado, a taxa foi de 7.828,2 km², o que representa alta de 43%.

"Nossos governos e empresários devem unir esforços para promover projetos no domínio das energias renováveis, das tecnologias limpas e do desenvolvimento sustentável", disse Sánchez durante o evento.

Hoje, disse o premiê, o Brasil é um destino atrativo para investimentos. Ele afirmou que o país tem crescido acima das expectativas e citou estabilidade e segurança jurídica, além da inflação controlada. O espanhol ainda mencionou a atuação de empresas espanholas em setores estratégicos do Brasil, como o de telecomunicações, o financeiro e o de infraestrutura. "O Brasil é muito importante para Espanha. Um país amigo em termos humanos, um aliado em termos políticos e um parceiro em termos econômicos."

Pedro Sánchez chegou na terça-feira (5) a Brasília com uma agenda principalmente econômica, voltada para investimentos no Brasil. A Espanha é o segundo maior investidor no país. Não por acaso, ele viajou acompanhado de seu ministro da Economia, Carlos Cuerpo, não de seu chanceler, José Manuel Albares.

Cuerpo, ao discursar aos empresários nesta quinta, destacou a aprovação pela Câmera dos Deputados, em dezembro, da reforma tributária no Brasil. Também afirmou que as empresas espanholas projetam investimentos de longo prazo no país sul-americano. "As empresas espanholas veem o Brasil como um mercado atrativo. [...] Já a Espanha continua a ser o melhor ponto de entrada para o mercado europeu."

Sánchez disse que veio ao Brasil para retribuir a viagem que Lula fez à Espanha, em abril do ano passado. Na quarta (6), o espanhol encontrou o presidente brasileiro em Brasília e assinou quatro memorandos de entendimentos nas áreas de comunicação, ciência e tecnologia, administração pública e saúde.

Ao lado de Lula, Sánchez ainda criticou a postura de Israel na Faixa de Gaza, mas evitou repetir o termo "genocídio" utilizado pelo presidente brasileiro e por outros críticos de Tel Aviv. O espanhol foi diretamente questionado se concorda com a classificação dada por Lula, mas deu uma resposta pouco direta.

"Depois de 30 mil mortes, nós temos dúvidas razoáveis de que Israel esteja cumprindo o direito internacional humanitário. Eu já disse isso em várias oportunidades, e sempre que perguntam repito o mesmo", completou o espanhol, chamando também a atenção para o descreveu como uma "devastação que está deixando a Faixa de Gaza em uma situação que vai exigir décadas para a reconstrução".

Ao comentar a presidência temporária brasileira no G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana, Sánchez destacou a proposta de Brasília para alavancar uma aliança global contra a fome. "A luta contra o problema da desigualdade tem efeitos positivos para a economia", afirmou.

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