Descrição de chapéu União Europeia

UE aprova lei de liberdade de imprensa em contexto de ascensão da ultradireita

Texto aprovado no Parlamento Europeu proíbe por exemplo uso de softwares espiões em dispositivos de jornalistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Estrasburgo | AFP

O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira (13) uma lei de liberdade de imprensa com o objetivo de proteger jornalistas, combater a interferência política sobre decisões editoriais e aumentar a transparência quanto à propriedade dos meios de comunicação.

O texto foi aprovado com 464 votos a favor, 92 contra e 65 abstenções.

Celular é exibido em frente a edifício do grupo empresarial israelense NSO, por trás do software espião Pegasus, em Herzliya, perto de Tel Aviv - Jack Guez - 28.ago.16/AFP

"Não podemos fechar os olhos para o fato de que a liberdade de imprensa está ameaçada em todo o mundo, incluindo na Europa", apontou a eurodeputada alemã Sabine Verheyen, relatora do texto, durante debate no plenário.

A lei seria, então, "nossa resposta a essa ameaça", completou ela, que integra o bloco do Partido Popular Europeu (PPE).

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) saudou o texto como "um enorme avanço a favor do direito à informação na União Europeia".

O projeto de lei foi impulsionado pela Comissão Europeia, braço executivo do bloco, em 2022, num cenário marcado pela deterioração da liberdade de imprensa em países como Hungria e Polônia em meio à ascensão da ultradireita.

Outro fator que fez a iniciativa crescer em urgência foram os escândalos envolvendo o uso de softwares espiões como Pegasus e Predator contra jornalistas em diversas nações da UE.

Vera Jourova, vice-presidente da Comissão, admitiu que a lei "tem muitos opositores, senão inimigos". Representantes da ultradireita no Parlamento Europeu reclamaram que o órgão tinha excedido suas competências ao legislar sobre o tema.

O texto se concentra no respeito ao sigilo de fontes jornalísticas e na proibição do uso de tecnologias de vigilância em dispositivos usados por jornalistas.

Durante as negociações, a França insistiu em incluir uma exceção ao uso desses programas "em nome da garantia da segurança nacional".

O texto final até contempla a possibilidade de exceções, mas não menciona a questão da segurança nacional. O uso de softwares espiões em dispositivos de profissionais da imprensa só é possível em caso de crimes graves e se autorizado por uma autoridade judicial ou semelhante "independente e imparcial", entre várias outras condições.

A legislação ainda estabelece uma série de obrigações a serem cumpridas pelos países da UE para garantir a independência editorial e de funcionamento dos meios de comunicação públicos, especialmente por meio de um financiamento "sustentável e previsível".

Ele ainda traz garantias para proteger o conteúdo jornalístico de possíveis abusos em relação à moderação por parte das chamadas big techs.

Eurodeputados votam durante sessão de plenária no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, no leste da França - Frederick Florin/AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.