Assassinatos de 9 pessoas, incluindo jornalista, mobilizam ativistas na Colômbia

Gustavo Petro determina 'investigação minuciosa' após denúncias de que celular de profissional foi manipulado após crime

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Bogotá | AFP

Nove pessoas, incluindo um jornalista que denunciava supostos casos de corrupção, foram assassinadas no último fim de semana na região de fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Os crimes provocaram indignação e vêm mobilizando ativistas e representantes de organizações sociais, que foram às ruas para protestar contra a "violência descontrolada" e a impunidade em território colombiano.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ordenou no domingo (14) a abertura de uma "investigação minuciosa" para encontrar os assassinos. Os crimes ganharam repercussão após a morte do jornalista Jaime Vásquez, 54, que ficou conhecido por denunciar ilegalidades na região de Cúcuta, no norte do país.

Homem branco de cabelo preto e óculos, vestindo camisa branca com a mão no queixo e bandeira vermelha e azul ao fundo
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em visita a Caracas - Leonardo Fernandez Viloria - 18.nov.23/Reuters

Vásquez foi baleado em uma loja, que estava cheia no momento do crime. O assassinato, gravado por uma câmera de monitoramento, chocou pela crueldade. As motivações não estão claras, mas autoridades suspeitam que os criminosos tenham ligação com as pessoas que eram investigadas pelo jornalista.

Segundo Petro, a investigação deve incluir o exame forense das informações do telefone celular de Vásquez, que "aparentemente foi manipulado por funcionários" após o crime. Familiares relataram que a conta do jornalista em plataformas de mensagens foi acessada após o assassinato.

"Vásquez era um homem que se dedicava a pensar, investigar e falar sobre questões das quais muitos não falam", disse o jornalista Jonathan Mojica, amigo pessoal da vítima, à Blu Radio nesta segunda-feira (15).

O jornalista fazia transmissões ao vivo nas redes sociais nas quais denunciava contratos irregulares e abusos de poder na administração local. "Ele estava sob constante ameaça devido à maneira como dizia as coisas", acrescentou Mojica.

A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP) da Colômbia condenou o assassinato e pediu uma investigação rápida e completa. "O trabalho de Jaime Vásquez ao denunciar irregularidades em contratações públicas e atos de corrupção o tornou amplamente reconhecido pelo público", escreveu na plataforma X a fundação, que registrou o assassinato de 167 jornalistas na Colômbia desde 2006. De acordo com os números da organização, 163 repórteres relataram ameaças em 2023.

O Ministério Público colombiano informou que o comunicador foi atacado por um homem que estava com uma arma de fogo e, após cometer o crime, fugiu em uma motocicleta.

Os crimes do fim de semana se somam a outros 17 massacres que ocorreram na Colômbia somente em 2024, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz). Paramilitares, guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), estruturas ligadas ao Estado-Maior Central (ex-Farc) e várias gangues criminosas locais têm atuação no norte do país, segundo o centro de pesquisa.

A insegurança tem causado medo de que o país esteja voltando à violência das décadas passadas. Em toda a Colômbia, sob o governo Petro, os sequestros aumentaram mais de 80%, os casos de extorsão aumentaram 27% e a taxa de homicídios mal diminuiu, segundo dados mencionados pelo jornal Financial Times. Em vez de confrontar as forças de segurança, os grupos armados ilegais agora lutam entre si para expandir seu território e controlar rotas lucrativas de contrabando.

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