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Guerrilha do ELN congela diálogos de paz com governo da Colômbia

Segundo facção, diálogos regionais da gestão Petro fora do processo nacional acordado inicialmente provocaram uma crise aberta

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Bogotá | AFP

A guerrilha do ELN (Exército de Libertação Nacional) declarou, na terça-feira (20), um "congelamento" e uma "crise aberta" nas negociações de paz com o governo da Colômbia, alegando violações ao que foi acordado nas conversas iniciadas em novembro de 2022.

Em um comunicado divulgado em suas redes sociais e datado de 19 de fevereiro, a guerrilha acusou o governo do esquerdista Gustavo Petro de "ações violadoras do pactuado na Mesa de Conversações".

Representantes do governo da Colômbia, do presidente Gustavo Petro, e da guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) retomam mesa de diálogo em Caracas, na Venezuela, em novembro de 2022
Representantes do governo da Colômbia, do presidente Gustavo Petro, e da guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) retomam mesa de diálogo em Caracas, na Venezuela, em novembro de 2022 - Reprodução

"Sem ser de nossa responsabilidade o acontecido, os diálogos entre o ELN e o governo nacional entrarão em uma fase de congelamento até o governo se dispor a cumprir o acordado", indicou a facção.

Sem dar detalhes, a guerrilha questionou alguns "diálogos regionais" no departamento (estado) de Nariño , anunciados em 18 de fevereiro pelo governador local.

"Tendo pactuado um processo nacional (...), [o governo] agora monta um diálogo regional em Nariño fora desse processo nacional e desconhecendo a delegação do ELN e a mesa onde participa a comunidade internacional", diz o texto.

O governador de Nariño, Luis Alfonso Escobar, havia anunciado as conversações em sua região, previstas para a primeira semana de março, segundo declaração à imprensa. O governo Petro ainda não havia se manifestado.

Tréguas e guerra

Ativo desde 1964, o ELN possui um contingente de cerca de 5.800 combatentes e uma ampla rede de colaboradores, de acordo com informações da inteligência militar colombiana.

Embora tenha um comando central, suas frentes são autônomas no campo militar, o que, segundo especialistas, dificulta as negociações.

Petro, o primeiro esquerdista a assumir o poder no país, aposta em uma resolução pelo diálogo para seis décadas de conflito armado e violência, após o histórico acordo de paz de 2016 que desarmou a maior parte das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Inspirado na revolução cubana e na Teologia da Libertação, o ELN realizou negociações de paz com cinco governos diferentes, mas nunca chegou a um acordo definitivo.

As delegações do governo e da guerrilha realizaram ciclos de diálogo na Venezuela, no México e em Cuba, com vários retrocessos. Na semana passada, o ELN suspendeu um cessar-fogo temporário que levou milhares de pessoas a se confinarem, sob temor de ataques.

O Escritório do Alto Comissariado para a Paz qualificou a medida como um ato de "deslealdade" em relação às negociações e à trégua bilateral pactuada até agosto.

Os rebeldes afirmaram se tratar de uma ação "defensiva" contra ataques do Clã do Golfo, o maior cartel do narcotráfico da Colômbia, que, segundo o ELN, opera "em aliança" com membros do Exército.

Em outras regiões, a organização enfrenta dissidentes do processo de paz com as Farc, que negociam de maneira separada com o governo Petro.

A Colômbia enfrenta um conflito armado que, em mais de meio século, deixou 9,5 milhões de vítimas, a maioria deslocados.

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