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Coreia do Norte volta a enviar balões com lixo à Coreia do Sul

Países têm usado objetos para provocação e disputa de propaganda desde a Guerra Fria; tensão é crescente

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Seul | AFP

A Coreia do Norte voltou a lançar, neste sábado (8), balões cheios de lixo na Coreia do Sul, anunciaram militares sul-coreanos.

"A Coreia do Norte lança mais uma vez [supostos] balões transportando resíduos para o Sul", disseram os chefes do Estado-Maior conjunto da Coreia do Sul em um comunicado.

O documento desaconselha a população a tocar nos balões e pede que sua presença seja comunicada às autoridades.

Imagem fornecida pela Fighters For Free North Korea, tirada na província de Gyeonggi, na Coreia do Sul, mostra o lançamento de um balão para a Coreia do Norte - Fighters For Free North Korea/AFP

O Exército sul-coreano tinha avisado pouco antes sobre a iminência desse lançamento, embora considerasse que poderia ocorrer no domingo (9).

Na semana passada, a Coreia do Norte enviou duas vezes centenas de balões cheios de lixo, pontas de cigarro e o que parecia ser fezes ao seu vizinho do sul como "presentes sinceros", em resposta a panfletos lançados por ativistas sul-coreanos com propaganda contrária ao líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Pyongyang anunciou que cessaria os envios, mas dias depois um grupo sul-coreano afirmou ter lançado dez balões com música k-pop e 200 mil panfletos contra o líder do país comunista.

A Coreia do Norte alertou que, se mais panfletos sul-coreanos fossem enviados, responderia com uma quantidade cem vezes maior de "resíduos de papel e lixo".

Em resposta aos balões, Seul suspendeu completamente, na terça (4), um acordo militar assinado com Pyongyang em 2018 que visava reduzir as tensões entre os dois países.

As autoridades sul-coreanas c ondenaram o lançamento de balões norte-coreanos, descrevendo a ação como irracional e de "baixa classe". Ameaçaram ainda tomar medidas retaliatórias que, segundo eles, poderiam ser insuportáveis para seu vizinho.

O método de usar balões para provocação e disputa de propaganda não é novidade —remonta, na verdade, à Guerra Fria, quando Norte e a Sul já tentavam influenciar um ao outro por meio dessa tática. Na época, milhões de panfletos difamando o país vizinho foram espalhados pela península coreana, e ambos os países proibiram a população de ler ou guardar o material.

Em 2020, Pyongyang chegou a demolir um escritório intercoreano na cidade fronteiriça de Kaeson, espaço na Coreia do Norte que era um símbolo da colaboração entre os dois países, por causa dos balões. Seis meses depois, em 2021, as ações foram proibidas por Seul, mas a medida foi posteriormente considerada inconstitucional por um tribunal superior, que viu cerceamento à liberdade de expressão.

Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) com um armistício, os dois países permanecem tecnicamente em guerra e estão separados por uma zona desmilitarizada.

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