Descrição de chapéu guerra israel-hamas jerusalém

Marcha da ultradireita em Jerusalém leva milhares às ruas e termina em prisões

Ato marca aniversário da captura da cidade em 1967; jornalista palestino foi agredido por adolescentes

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São Paulo

Milhares de israelenses de ultradireita carregando bandeiras nacionais realizaram nesta quarta-feira (5) a marcha anual em Jerusalém Oriental que comemora a captura completa da cidade durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. O desfile foi descrito por apoiadores como "uma mensagem de desafio" aos inimigos de Israel e é visto como uma provocação por palestinos.

Jerusalém é considerada sagrada para as três religiões abraâmicas —judaísmo, islamismo e cristianismo. Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como a futura capital de um Estado independente, enquanto Israel considera Jerusalém em sua totalidade como capital do país, e é lá que ficam as sedes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário.

Israelenses participam da marcha em Jerusalém que comemora a captura completa da cidade em 1967 - Gil Cohen-Magen - 5.jun.24/AFP

A maior parte da comunidade internacional não reconhece esse status, considerando a capital israelense como sendo a cidade de Tel Aviv e se referindo a Jerusalém Oriental como estando sob ocupação.

Assim como em outros anos, alguns israelenses entraram em confronto com palestinos enquanto marchavam pela Cidade Velha. A polícia deteve pelo menos 18 pessoas, incluindo adolescentes —alguns deles, acusados de agredir um jornalista palestino.

Manifestantes israelenses agridem jornalista palestino Saif Kwasmi durante a marcha que comemora a captura de Jerusalém Oriental em 1967 - Hazem Bader - 5.jun.24/AFP

O desfile desse ano foi marcada por tensões causadas pela guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza. Desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, no qual 1.200 israelenses morreram, bombardeios de Tel Aviv contra o território palestino já deixaram mais de 36 mil mortos e criaram uma crise humanitária na qual mais de 1 milhão de pessoas passam fome, segundo a ONU.

"Somos um povo milenar, um povo de bravos guerreiros, que [em 1967] se ergueu e se defendeu", disse o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em um discurso aos seus ministros. "Estamos fazendo o mesmo hoje contra o Hamas no sul, o Hezbollah no norte e o Irã no leste".

Cerca de 3.000 policiais de Israel participaram de uma operação para tentar evitar confrontos entre israelenses e palestinos durante a marcha.

Casos de violência durante o mesmo evento em 2021, incluindo uma invasão da polícia israelense na mesquita de Al-Aqsa, considerada a terceira mais sagrada por muçulmanos, serviu de estopim para a guerra de dez dias entre Israel e o Hamas naquele ano. Na época, colonos israelenses foram acusados de tentar expulsar moradores palestinos de Jerusalém oriental da cidade —ao longo dos anos, Tel Aviv vem destruindo casas de palestinos com escavadeiras.

A polícia israelense havia dito que a marcha não entraria no complexo religioso onde fica a mesquita esse ano, que também é considerado sagrado por judeus, que o chamam de Monte do Templo. Entretanto, antes do início da manifestação, um número considerável de visitantes judeus estiveram no local.

O ministro de Segurança Nacional de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, voltou a dizer nesta quarta que quer derrubar o acordo com a Jordânia que permite que judeus visitem o complexo, mas que os proíbe de realizar celebrações religiosas lá. "Digo ao Hamas que Jerusalém, a Cidade Velha, e mesquita de Al-Aqsa pertencem à nós. Não vamos desistir até sermos vitoriosos", afirmou.

Em janeiro de 2023, logo após tomar posse como ministro, Ben-Gvir causou uma crise diplomática ao visitar o complexo religioso, em outro ato visto como provocação.

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