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Ministério Público da Venezuela intima opositor de Maduro a depor em investigação criminal

Acusado de conspiração, González responderá por publicações de atas eleitorais que mostrariam derrota de ditador

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Brasília

O adversário do ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, Edmundo González, foi intimado pelo Ministério Público do país para depor nesta segunda-feira (26) numa investigação criminal aberta após a oposição afirmar que as eleições de 28 de julho foram fraudadas.

Segundo o Ministério Público, alinhado ao regime, González é investigado por fraude de documentos, associação criminosa e conspiração, entre outros crimes.

O opositor de Nicolás Maduro nas eleições, Edmundo González
O opositor de Nicolás Maduro nas eleições, Edmundo González - Gabriela Oraa/AFP

O órgão venezuelano disse em seu perfil nas redes sociais que o depoimento foi marcado para as 10h, e que González terá de explicar a publicação e manutenção de um site da oposição com registros de atas eleitorais que provariam a derrota de Maduro.

As atas são documentos que, como os boletins de urna brasileiros, permitiriam comprovar a lisura do processo eleitoral de forma independente.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou Maduro vencedor com 52% dos votos, contra 43% de González. Quase um mês após a votação, porém, o órgão não apresentou as atas que comprovariam o resultado, a despeito da pressão internacional.

Na sexta-feira (23), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, saudou a homologação da reeleição do ditador Nicolás Maduro, anunciada pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) na véspera e contestada por diversos países e organizações independentes.

Na TV estatal, ele também disse que iria convocar González para depor. "Ele vai ter que dar as caras", disse Saab.

O opositor havia se recusado a comparecer em uma audiência do TSJ no início do mês e, por temor de represálias, não aparece em público desde 30 de julho, quando participou de uma manifestação. Desde então, vem limitando sua atuação às redes sociais.

Em 5 de agosto, o Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação contra González e a líder da oposição impedida de disputar a Presidência, María Corina Machado, por suspeitas de "instigação à insurreição" e outros crimes.

"[González] terá de ir a esta convocação para falar sobre a sua responsabilidade antes, durante e depois do 28 de julho [data das eleições] por sua contumácia e desobediência às autoridades legitimamente constituídas."

Saab disse que, ao publicar as atas em um site aberto ao público, González usurpou "poderes que só cabem ao Poder Eleitoral". Uma checagem dos papéis realizada por um projeto independente colombiano constatou, porém, que há "sérios indícios" da integridade das cópias virtuais divulgadas.

Ainda durante o pronunciamento, o chefe do Ministério Público venezuelano pediu pena de prisão para González e Corina Machado.

Ele os acusa de incitar violência nos protestos contra a ditadura que tomaram as ruas após o anúncio da reeleição pelo regime. A repressão das forças de segurança deixou ao menos 24 pessoas mortas, segundo a Provea, a mais respeitada organização de direitos humanos da Venezuela. E pelo menos 1.400 pessoas foram presas.

A oposição afirma que o opositor venceu com 67% dos votos, uma conclusão amparada por mais de um estudo independente.

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