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Nunes anuncia agenda com Bolsonaro e fala em 'grande líder da direita'

Campanha do prefeito tenta recuperar eleitor bolsonarista, que migrou para o influenciador Pablo Marçal

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São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em São Paulo, anunciou a primeira agenda de campanha com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem aposta para recuperar os votos da direita e brecar a ascensão de seu adversário, o influenciador Pablo Marçal (PRTB).

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Da esq. para a dir., o governador Tarcísio de Freitas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes e seu vice, o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo - Rafaela Araújo/Folhapress

O encontro será na Ceagesp, companhia pública que já foi administrada pelo coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL), indicado para a vice de Nunes por Bolsonaro. Os três estarão presentes na agenda, que ainda não tem data definida.

Em vídeo publicado nas redes do prefeito, ele se refere ao ex-presidente como "o grande líder da direita". "Tem gente aí querendo tomar o lugar, mas tem que comer muito feijão ainda né, meu filho?", completa, em aparente referência a Marçal, que afirmou na última semana que "a direita não tem dono".

Após ter elogiado o influenciador na semana passada, Bolsonaro ajustou o discurso e, junto aos filhos, entrou em embates nas redes sociais com o empresário.

Segundo uma pessoa próxima ao ex-presidente, a mudança foi motivada por pedidos de caciques partidários como Valdemar Costa Neto, do PL, e Ciro Nogueira, do PP, e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para que ele reafirmasse o apoio a Nunes.

Na última semana, a família Bolsonaro manifestou preocupação com a ascensão de Marçal, que cresceu sete pontos na pesquisa Datafolha em apenas duas semanas e está empatado tecnicamente na liderança com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL).

Entre os eleitores do ex-presidente, o crescimento do influenciador foi ainda maior. Ele agora lidera com folga, com 44%, frente a 30% do prefeito. No levantamento anterior, produzido nos dias 6 e 7 de agosto, o empresário tinha 29%, e Nunes, 38%.

Com isso, agora Bolsonaro e os filhos tentam garantir a fidelidade de seus eleitores e o voto em Nunes, que não empolga os bolsonaristas por ser visto como alguém que não é verdadeiramente de direita nem alinhado às pautas do grupo.

A expectativa do entorno do ex-presidente é de que Marçal derreta nas próximas pesquisas como consequência da artilharia da família Bolsonaro.

Aliados do ex-presidente cobram que Nunes, em resposta ao gesto de Bolsonaro, lhe dê mais espaço na campanha e se comprometa com a agenda que move o público conservador, posicionando-se em temas como aborto, drogas, liberdade de expressão e outros.

Estrategistas do prefeito, no entanto, rejeitam uma virada na campanha e não estão dispostos a ir além do próprio conservadorismo de Nunes, que é católico. Também pretendem seguir com o mote de que ele é um bom gestor e se ancorar na aprovação da sua gestão.

Está previsto que Nunes tenha eventos com Bolsonaro nas próximas semanas, como a agenda na Ceagesp, e que o ex-presidente grave uma propaganda para o prefeito —mas eram ações já planejadas pela campanha antes do boom de Marçal.

Ao longo dos últimos meses, o influenciador tem ativado símbolos que são caros para o eleitor do ex-presidente, aproveitando-se do baixo entusiasmo com Nunes.

No conjunto de elementos reforçados por Marçal estão acenos ao nacionalismo, a Deus, à família conservadora, a valores morais conservadores, ao caráter antissistema e ao empreendedorismo.

Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

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