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Por que lançamento de jogo eleva patamar da China na indústria de games

'Black Myth: Wukong', baseado em clássico literário, deixa chineses em polvorosa; leia newsletter China, terra do meio

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Igor Patrick
Washington

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio desta terça-feira (20). Quer recebê-la toda semana no seu email? Inscreva-se abaixo:

A China está em polvorosa com o lançamento de um jogo nesta terça (20). "Black Myth: Wukong" é o primeiro game de consoles AAA (classificação destinada a jogos de alto orçamento) produzido no país e se baseia na história do Rei Macaco, um clássico da literatura nacional.

Anunciado em 2020, o título foi tão bem recebido que o site de vagas da desenvolvedora, Game Science, chegou a cair. Os CEOs da empresa afirmaram ter recebido "dezenas de milhares" de currículos de pessoas interessadas em trabalhar na produção em menos de uma hora e precisaram fechar a página.

  • O trailer também atraiu 12 milhões de visualizações no BiliBili (espécie de YouTube) rapidamente.

A história se baseia em "Jornada ao Oeste", romance escrito na dinastia Ming. A saga narra a vida de Sun Wukong, um macaco nascido de uma pedra que tinha a habilidade de se transformar em 72 animais diferentes.

Imagem do jogo Black Myth: Wukong - Game Science/Reprodução

Por zombar dos deuses e trazer perturbação ao reino celestial, o Rei Macaco é aprisionado por Buda em uma montanha por cinco séculos e se redime posteriormente ajudando o protagonista Tang Sanzang a levar as escrituras sagradas do budismo ao Leste.

Para surfar na onda de sucesso do jogo, marcas chinesas têm promovido produtos personalizados:

  • A Didi (empresa de mobilidade dona da 99 no Brasil), por exemplo, espalhou milhares de bicicletas compartilhadas com adesivos do jogo;
  • A Lenovo criou edições limitadas de um laptop gamer com personalizações inspiradas em Sun Wukong;
  • A rede de cafeterias Luckin Coffee tem feito sucesso com bebidas que valem itens no jogo.

No Ocidente, o game tem sido bem recebido pela crítica. No Metacritic, site americano que agrega reviews da mídia especializada, tem até agora nota 82 em uma escala que vai até 100.

Por que importa: a China não é particularmente forte na produção de jogos de console AAA, que geralmente demandam milhões de dólares e anos de produção. Enquanto Estados Unidos, Japão e França lideram o setor, o país se especializou em jogos para celular e online como "PUBG Mobile" e "Genshin Impact".

Se vingar, "Black Myth: Sun Wukong" pode dar início a uma sequência de grandes estúdios de games no país, uma indústria que gerou US$ 187,7 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) só no ano passado e deve chegar a US$ 212 bilhões (R$ 1,15 tri), segundo estimativas da consultoria Global X.

pare para ver

Alexia Evellyn no programa Singer 2024, da Hunan TV - Reprodução

Uma brasileira está fazendo sucesso nas redes sociais chinesas após se apresentar em um show de talentos local. Alexia Evellyn participou como convidada do Singer 2024, um programa da Hunan TV que reúne músicos de diferentes partes do mundo para "promover a amizade entre povos".

Evellyn apresentou a música "Varanda", de Alessandra Leão. O vídeo fez sucesso e muitos internautas pediram que ela participasse da versão competitiva do show, que já revelou talentos como Dimashe, cazaque apelidado de "melhor cantor do mundo" na internet. Assista à performance aqui.


o que também importa

★ China e Vietnã assinaram 14 acordos, que abrangem desde ferrovias transfronteiriças até exportações de crocodilos, após o encontro entre Xi Jinping e o novo líder vietnamita To Lam em Pequim. A visita de Lam deixou de lado as disputas territoriais no Mar do Sul da China e focaram mais na força dos laços bilaterais. Xi destacou a importância do Vietnã na diplomacia de vizinhança, enquanto Lam reafirmou a prioridade das relações na política externa vietnamita e solicitou apoio para o desenvolvimento de infraestrutura. Ambos concordaram em fortalecer a conectividade e a cooperação em defesa e segurança.

★ Navios das guardas costeiras da China e das Filipinas colidiram no Mar do Sul da China nesta segunda (19), danificando pelo menos duas embarcações. O incidente ocorreu perto do recife Sabina Shoal, nas Ilhas Spratly, área disputada também por Vietnã e Taiwan. Ambos os países acusaram-se mutuamente pelo ocorrido. A guarda costeira chinesa alegou que os filipinos ignoraram avisos e deliberadamente colidiram com suas embarcações, enquanto as Filipinas afirmaram que manobras perigosas dos chineses causaram as colisões. O incidente ocorre em meio a crescentes tensões na região, onde navios da China têm realizado manobras agressivas contra embarcações filipinas em áreas contestadas.

★ Na província de Hunan, 50 pessoas morreram e outras 15 permanecem desaparecidas após fortes chuvas atingirem a cidade de Zixing. As chuvas recordes, consequência do Tufão Gaemi, destruíram as casas de mais de 1.700 famílias e provocaram mais de 65 mil deslizamentos de terra e colapsos em Zixing. Cerca de 23 mil pessoas foram transferidas com urgência para áreas seguras. Autoridades locais disseram nesta segunda que os trabalhos de resgate continuam e o foco agora é restaurar a energia elétrica e desbloquear estradas.


fique de olho

A procuradora-geral da Flórida, Ashley Moody, enviou uma carta à chinesa Temu, na qual levantou preocupações sobre possíveis ligações da empresa com o Partido Comunista, práticas de coleta de dados e violações da Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur.

A empresa admitiu anteriormente que não tem uma política que proíba a venda de produtos vindos de Xinjiang, província na qual o governo chinês é acusado de aprisionar e explorar a mão-de-obra da minoria étnica muçulmana uigur.

A prática viola uma lei aprovada no início do governo Biden e pode levar ao banimento da Temu, mas a empresa diz que as disposições não se aplicam às suas operações.

A companhia ainda não se manifestou, mas terá 30 dias para responder aos questionamentos. Além da Flórida, outros 19 estados se juntaram aos apelos por respostas como a Virgínia, Indiana, Geórgia e Missouri.

Por que importa: em ano de eleições, a China é um dos poucos assuntos capazes de unir democratas e republicanos (como evidenciado pela diversidade de estados que se juntaram à iniciativa de Moody) e o tema da mão-de-obra em regime análogo à escravidão certamente será explorado nos próximos meses.

Não se surpreenda se ouvir de ambos os candidatos presidenciais, Trump e Kamala, promessas de banimento da empresa chinesa.


para ir a fundo

A Observa China 观中国 realiza no dia 23 um evento em parceria com o Centro de Pesquisa em Segurança, Estratégia e Política do Paquistão para discutir a estratégia chinesa de uma perspectiva do Sul Global. As inscrições são gratuitas, mas limitadas. Informações aqui. (gratuito, em inglês)

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