Ação usa jogo da NFL em SP para convencer americanos no Brasil a votar para presidente

Braço do Partido Democrata no exterior espalhou representantes por pubs da cidade para tirar dúvidas sobre processo

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Rafael Carneiro
São Paulo

Pontualmente às 21h15 desta sexta-feira (6), a música do tradicional pub irlandês O'Malley's, em São Paulo, deu lugar ao som dos mais de dez televisores espalhados pelo estabelecimento. As telas exibiam o primeiro confronto da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, no Brasil.

Enquanto isso, na entrada, cidadãos americanos e com dupla cidadania tiravam dúvidas sobre como votar nas eleições presidenciais dos EUA, marcadas para 5 de novembro.

Representantes do comitê do Partido Democrata dos EUA no exterior instruem cidadãos americanos no exterior ou com dupla cidadania a votar nas eleições para a Presidência no St. Paul's Pub, na Vila Madalena, em São Paulo
Representantes do comitê do Partido Democrata dos EUA no exterior instruem cidadãos americanos no exterior ou com dupla cidadania a votar nas eleições para a Presidência no St. Paul's Pub, na Vila Madalena, em São Paulo - Rafael Carneiro - 6.set.24/Folhapress

A ação foi organizada pelo Democrats Abroad, braço oficial do Partido Democrata no exterior. O comitê brasileiro da entidade quis aproveitar toda a mobilização gerada em torno da partida para incentivar americanos no exterior a votar no pleito, dando inclusive instruções sobre como realizar o processo, que é diferente de acordo com o estado em que o eleitor está inscrito.

Além do O'Malley's, nos Jardins, a iniciativa ocorreu em outros dois bares: o St. Paul's Pub, na Vila Madalena, e o Buteco Seu Rufino, em Moema.

Uma das responsáveis pela ação, Kelly Ann Kreutz, 31, afirmou que as equipes em campo —Packers e Eagles— eram de dois dos chamados "estados pêndulos" dos EUA, Wisconsin e Filadélfia.

Esses estados não têm fidelidade clara a nenhum partido e, por isso, são considerados decisivos no pleito. Além deles, outras quatro unidades federativas também entram nessa conta: Arizona, Geórgia, Michigan e Nevada.

Nas eleições presidenciais de 2020, que deram a vitória a Joe Biden, os votos de eleitores que vivem no exterior e estão registrados no Arizona e na Geórgia foram decisivos para o triunfo do democrata.

"Acho que esta é uma oportunidade incrível para entrar em contato com pessoas com que não entraríamos em nossas ações normais, como eventos, campanhas, engajamento nas redes sociais", disse Kreutz à Folha. "Existem 6,5 milhões de americanos que moram no exterior e, há quatro anos, apenas 8% deles votaram", acrescentou ela.

Este ano, os favoritos para a Casa Branca são o ex-presidente Donald Trump, pelo Partido Republicano, e a atual vice-presidente, Kamala Harris, pelo Partido Democrata. De acordo com uma pesquisa eleitoral realizada pela CNN, Kamala tem 45% das intenções de voto nos estados pêndulos.

O estudante Josh Morhaime, 18, que participará de uma eleição presidencial pela primeira vez neste ano, disse que pretende votar em Kamala.

"Os valores do Partido Democrata condizem mais com os meus, e Trump representa uma ameaça para a democracia, a começar por ter questionado o resultado da eleição de 2020. Ele não merece outra chance de fazer mais estragos nos EUA", afirmou.

Um dos maiores obstáculos para os eleitores americanos no exterior é a logística da votação. Enquanto alguns estados, como o Massachusetts, recebem as cédulas por e-mail, outros exigem a entrega dos documentos por correio ou até por fax.

Torcedora do Green Bay Packers, a advogada Renata Andrade, 52, tem registro eleitoral no Wisconsin. Ela disse que, para votar no estado, o eleitor americano precisa imprimir uma cédula recebida por email, assinalar seu voto diante de uma testemunha e então enviar esse papel pelo correio.

"Uma autoridade recebe o seu voto, que é anônimo, e ele é depositado na urna", contou ela. "O exercício da cidadania é o exercício do voto, e por isso é importante que os americanos que vivem no exterior também votem", concluiu.

A advogada Renata Andrade, que mora há dez anos no Brasil, exibe exemplo de cédula de votação dos EUA em pub em São Paulo, capital
A advogada Renata Andrade, que mora há dez anos no Brasil, exibe documento utilizado por eleitores dos EUA no exterior para se registrar para a votação - Rafael Carneiro - 6.set.24/Folhapress
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