Espiões trocados entre EUA e Rússia começam nova vida ainda cercada por mistério

Os 14 espiões trocados entre EUA e Rússia na sexta-feira, no maior acordo do tipo desde a Guerra Fria, começavam neste sábado uma nova vida na Rússia ou no Ocidente, mas o mistério sobre sua localização exata permanece.

Os dez agentes do Kremlin expulsos por Washington estão, segundo informações da imprensa, no quartel-general do serviço de inteligência exterior (SVR) em Moscou. Quanto aos quatro deportados russos, dois estariam nos EUA e dois, no Reino Unido.

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	Luke MacGregor/Reuters - 2.jul.10
	Passageiro lê edição de hoje do jornal "Daily Telegraph" que mostra foto do casamento da suposta espião russa

As autoridades britânicas recusaram-se a fazer comentários neste sábado.

A imprensa britânica anunciou que o avião que transportava os quatro russos havia feito uma escala em uma base militar do centro da Grã-Bretanha antes de aterrissar na sexta-feira à noite em Washington.

EM LONDRES

Dois dos quatro russos deportados estão em um hotel em uma cidade pequena perto de Londres, ainda sem visto britânico, disse neste sábado o irmão de um deles.

Igor Sutiagin ainda estava com roupas da prisão, sem dinheiro ou planos, ponderando ficar no país ou tentar voltar para casa, segundo o irmão. Sutiagin conversou rapidamente por telefone com a mulher, Irina Manannikova, neste sábado, no primeiro contato desde sua deportação, segundo o irmão Dmitri.

"Ele disse que está em uma cidade pequena perto de Londres, mas não sabe exatamente onde, pois não lhe disseram", disse Dmitri.

Sergei Skripal, ex-coronel da inteligência militar russa, considerado culpado de divulgar segredos de Estado ao Reino Unido, estaria no mesmo hotel.

Os outros dois russos trocados teriam seguido para os EUA.

"Ele não quer falar sobre o futuro ainda, e antes quer avaliar a situação. Se você ouvir de alguém que ele pretende pedir asilo político no Reino Unido ou voltar para a Rússia, deve saber que isso é mentira", disse Dmitri Sutiagin à agência de notícias Interfax.

Igor Sutiagin foi condenado em 2004 a 15 anos de prisão por passar informações sobre sistemas de armas russos a uma empresa britânica que, segundo promotores, era fachada para a agência de inteligência americana, a CIA. Apoiadores alegam que ele é um preso político.

NA RÚSSIA

Na Rússia, as redes de televisão perderam o interesse nesse caso, preferindo dedicar seu tempo a um tornado que assolou a região de São Petersburgo ou às comemorações dos 60 anos do presidente ucraniano, Victor Ianukovich, e não mencionaram a chegada dos dez espiões.

Segundo o jornal digital "gazeta.ru", os espiões foram levados na sexta-feira ao Estado-Maior do serviço secreto exterior (SVR).

'Não comentamos esses acontecimentos', reagiu um porta-voz do SVR ao ser questionado pela France Presse.

O avião que transportava os dez espiões russos chegou na sexta-feira à tarde ao aeroporto de Domodedovo. Ali, os dez subiram em um micro-ônibus e seguiram para um local desconhecido.

RUIVA

Anna Chapman, a ruiva que ficou famosa na internet após ser presa em Nova York, telefonou para seu irmão ontem.

"Está tudo OK, já pousamos", disse Chapman a sua irmão por telefone, do aeroporto Domodedovo em Moscou, na sexta-feira, segundo contou um amigo da família ao tabloide "Tvoi Den".

	AP
	Foto da rede social russa Odnoklassniki mostra a moça identificada como Anna Chapman

Chapman, também conhecido como Anya Kushchenko, tem uma imobiliária em Nova York. Ela também morou no Reino Unido por vários anos após casar-se com um inglês, em 2002, e seu advogado disse que ela pode querer voltar ao país, segundo a imprensa britânica. Chapman está divorciada.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS