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10/09/2010 - 14h41

Pastor pede resposta em duas horas para suspender queima do Alcorão

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DE SÃO PAULO

Atualizado às 14h52.

O pastor evangélico Terry Jones disse nesta sexta-feira que quer uma resposta em duas horas sobre sua exigência de que o centro cultural muçulmano e a mesquita previstos para serem construídos perto do local dos atentados de 11 de Setembro de 2001, em Nova York, sejam transferidos a outro ponto da cidade, informa a agência de notícias France Presse.

Em uma sequência confusa de mensagens, Jones voltou atrás mais uma vez e disse que a transferência é crucial para que suspenda seus planos de queimar neste sábado 200 cópias do livro sagrado do islamismo, o Alcorão. O evento atraiu críticas do presidente Barack Obama, que alertou para o risco do ato virar propaganda terrorista nas mãos da Al Qaeda.

A condição foi apresentada pela primeira vez em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, na Flórida, ao lado do líder islâmico Muhammad Musri. Jones afirmou então que a queima dos livros havia sido suspensa após um acordo com líderes muçulmanos para mudar os planos de construir o centro cultural islâmico e uma mesquita perto do World Trade Center. Os líderes muçulmanos negaram pouco depois qualquer acordo.

Na sexta-feira, contudo, Jones foi a dois canais de televisão e disse que a suspensão dependeria do encontro prometido por Musri com o imame de Nova York, neste sábado, mesmo dia do protesto. Musri, presidente da Sociedade Islâmica da Flórida Central, confirmou que se comprometeu a levar Jones a Nova York para se encontrar com o imame à frente da construção da mesquita, Feisal Abdul Rauf.

Em mais uma complicação, o próprio Rauf afirmou nesta sexta-feira que não tem nenhum encontro marcado com o pastor da Flórida e ressaltou que os planos para o centro comunitário não mudaram. "Eu estou preparado para considerar um encontro com qualquer um que está seriamente comprometido em obter a paz. Nós não temos nenhum encontro do tipo planejado no momento", disse o imame, acrescentando que o dia solene do 11 de setembro deve inspirar "oração e reflexão".

Em nenhum momento o pastor da pequena Dove World Outreach Center, em Gainesville, Estado da Flórida, explicou se suspenderia o ato indefinidamente ou apenas no sábado, enquanto espera convencer os responsáveis a mudar o local da construção.

Mesmo antes da coletiva à imprensa, o pastor havia se declarado disposto a cancelar o plano se recebesse um pedido da Casa Branca. O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, chegou a telefonar diretamente para Jones durante a tarde para expressar preocupação, e o FBI visitou o pastor para pedir o cancelamento do plano.

Jones protagoniza há anos uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam Is of the Devil" ("Islã É do Demônio", em tradução livre). Nele, Jones conta que a religião islâmica é um risco à liberdade de todas as nações e tem como preceito a opressão e a violência. Sua causa, contudo, ganhou o mundo após começar a divulgar na internet a proposta para a data anual de queima do Alcorão.

Ganhou ainda grande destaque na imprensa americana e mundial a partir do domingo (5), quando o general americano David Petraeus, comandante das tropas internacionais no Afeganistão, foi a público dizer que o ato colocaria em risco a segurança das tropas americanas no país asiático. Desde então, vários grandes nomes do alto escalão, incluindo a secretária de Estado, Hillary Clinton, Gates, e o próprio Obama, vieram a público condenar o ato e pedir que Jones desistisse da ideia.

TOLERÂNCIA

O presidente Obama voltou a falar do tema nesta sexta-feira e disse temer que os planos do pastor evangélico inspirem outros americanos que "acham que podem conseguir atenção". O democrata reforçou ainda suas duras críticas da véspera e alertou que o protesto de Jones não condiz com o que os Estados Unidos defendem ou os fundamentos sob os quais o país foi criado e lembrou da importância da tolerância religiosa.

"Deixe-me repetir o que disse. A ideia de que nós queimaríamos os textos sagrados de uma religião vai contra o que este país defende e foi fundado. Minha esperança é de que este indivíduo reze e desista de fazê-lo", disse, em entrevista coletiva a jornalistas na Casa Branca, em Washington.

Este tipo de comportamento, afirmou Obama, "prejudica nossos soldados e é uma grande ferramenta de propaganda da Al Qaeda. Minha preocupação [...] é que tenhamos um monte de pessoas no país achando que pode conseguir atenção".

Questionado por um repórter, Obama negou que esta reação escalada dos grandes nomes de sua administração tenha elevado a grande notícia os planos de um pastor de uma cidade de menos de 100 mil habitantes. "Isso prejudica nossos pais e filhos, pessoas que se sacrificam para nos manter seguros. Você não brinca com isso. Não acho que fomos nós que elevamos isso, mas na Internet [o ato] pode causar profundo danos".

TEMOR

Em meio às incertezas, seguiam altos os temores de que o plano do pastor levaria a retaliações violentas de extremistas pelo mundo no final de semana. O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, telefonou diretamente para Jones durante a tarde para expressar preocupação, e o FBI visitou o pastor para pedir o cancelamento do plano.

A Interpol alertou aos governos dos 188 países-membros para o aumento no risco de ataques terroristas caso o pastor eleve à frente o Dia Internacional para a Queima do Alcorão. A polícia internacional pediu ainda que qualquer país que receba informações sobre ameaças específicas entre em contato com sua sede, que estará "24 horas em alerta".

Outro alerta mundial foi emitido pelo Departamento de Estado dos EUA, que pediu cautela a cidadãos americanos devido "a potenciais demonstrações anti-EUA em vários países em resposta" à ameaça ao Alcorão.

 

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