Jesus mulher, o primeiro palhaço negro, as rotas percorridas pelo homem, homenagem a Elza Soares e às lavadeiras da lagoa do Abaeté, uma defesa da liberdade religiosa e crítica velada ao presidente da República.
Esses são alguns dos temas que estarão novamente no sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio, neste sábado (29), no desfile das campeãs do Carnaval, que começa às 21h30. Os ingressos estão esgotados, segundo a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio).
A primeira escola a desfilar será a Mangueira, sexta colocada no Carnaval deste ano, que levará para a passarela o enredo “A Verdade Vos Fará Livre”, que contou a história de um Jesus de “rosto negro, sangue índio e corpo de mulher” e que fez crítica ao presidente Jair Bolsonaro.“Favela, pega a visão/Não tem futuro sem partilha/Nem messias de arma na mão”, diz trecho do samba-enredo da escola.
A segunda agremiação a desfilar será a Salgueiro, que deve entrar na passarela entre 22h30 e 22h40, seguida por Beija-Flor (entre 23h30 e 23h50), Mocidade Independente de Padre Miguel (entre 0h30 e 1h), Grande Rio (entre 1h30 e 2h10) e Viradouro (entre 2h30 e 3h20).
A Salgueiro contará a história do primeiro palhaço negro do Brasil, Benjamim de Oliveira, que também era compositor, músico e dramaturgo, no enredo "O Rei Negro no Picadeiro”.
Depois, a Beija-Flor, com “Se essa rua fosse minha”, entrará na Sapucaí com alegorias ricas em detalhes para contar a história dos caminhos percorridos pelo homem por meio de lendas e mitos sobre estradas, vias e ruas, até desembocar no próprio sambódromo.
Já a Mocidade homenageou a cantora Elza Soares com o enredo “Elza Deusa Soares”, com temas como machismo e racismo.A Grande Rio, com o enredo “Tata Londirá. O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”, chegou ao vice-campeonato defendendo a liberdade religiosa e com um forte samba-enredo.
“Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé/Eu respeito seu amém/Você respeita meu axé”, diz trecho do samba da escola, que falou sobre o pai de santo Joãozinho da Gomeia.
A última escola a desfilar na Marquês de Sapucaí será a Unidos do Viradouro, campeã do Carnaval carioca pela primeira vez desde 1997.
A agremiação levará para o sambódromo o enredo “Viradouro de Alma Lavada”, que homenageou as lavadeiras da lagoa do Abaeté, em Salvador. Rebaixada em 2015, a Viradouro retornou ao grupo especial em 2018 e, no ano seguinte, chegou ao vice-campeonato, atrás apenas da Mangueira.
Na apuração realizada na quarta-feira (26), a Viradouro terminou com 269,6 pontos, a mesma pontuação da Grande Rio --mas o título veio nos critérios de desempate.
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